11 de out. de 2011

SETOR BUSCA MODELO PARA A INTEGRAÇÃO

jornal Valor Econômico 29/09/2011 - Genilson Cezar

Ganhar escala é o maior desafio para a efetiva implantação no Brasil do mobile payment. Do ponto de vista da tecnologia, esse é um assunto praticamente superado, pelo menos segundo os vários projetos pilotos já em desenvolvimento no país, que exercitam as mais diversas tecnologias de comunicação por meio de aparelhos celulares, como chips SIM Card, SMS (Short Message Service), transmissão via satélite e outros tipos de interação e formas de liquidação de transações financeiras.

"Pretendemos que os modelos sejam experimentados para atingir escala, através da redução de custos operacionais, otimizando esforços entre os parceiros - bancos, operadoras de telefonia e de cartões de crédito, comerciantes e fabricantes de equipamentos - para oferecer uma proposta de valor que seja atrativa para um maior número de clientes", explica Percival Jatobá, diretor de produtos sênior da Visa, maior operadora de cartão de crédito do país.

Desde 2008, a Visa testa uma solução de pagamento via celular, em parceria com o Banco do Brasil - o Visa Mobile Pay - que permite aos clientes do banco solicitar compras em qualquer estabelecimento credenciado pela operadora. Em 2009 lançou, também com o BB, um projeto que objetiva realizar pagamentos através da tecnologia Near Field Communications (NFC). Ou seja, a comunicação por proximidade entre o celular e o terminal de vendas (POS) da loja. Nesse último caso, o celular foi desenvolvido especialmente para este fim pela Nokia. "Nossa proposta é colocar à disposição dos clientes soluções de alta tecnologia, baseada em quatro pilares fundamentais: interoperabilidade, universalidade, segurança e conveniência. Sem isso, os clientes não vão aderir a esse novo canal de negócio", diz.

A Cielo se prepara para lançar em outubro um cartão de crédito, via celular, em parceria com o Banco do Brasil e a Oi. A empresa já tem soluções que transformam smartphones Apple e Motorola, com sistema operacional Android, em máquinas POS. O sistema funciona com pacote de dados 3G/GPRS de qualquer operadora de telefonia móvel ou rede sem fio Wi-Fi e está habilitado para todas as bandeiras. A ideia é possibilitar a compra remotamente, via celular, com conexão por SMS. "O objetivo é atender segmentos que não atendíamos antes, como médicos e dentistas", diz Rogério Signorini, diretor de inovação e produtos emergentes da Cielo.

Para Raul Barbosa, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (Abecs), o que se procura agora é encontrar um modelo padrão que envolva todos os agentes desse novo nicho de negócio: bancos, operadoras de telefonia e de cartões, comerciantes e fabricantes de equipamentos. "Essa padronização passa pelo uso das plataformas de cartões, que estão em expansão, com taxas de 20% no ano passado e 24% este ano", diz ele.

As operadoras acreditam que estão cada vez mais próximas de ampliar e facilitar o acesso da população aos serviços financeiros com segurança e com a vantagem da mobilidade. A Oi, segundo Maxim Medvedovsky, diretor de varejo, pretende estimular a entrada de 1 milhão de novos cartões por ano, nos próximos dois a três anos.

A TIM executa diversos acordos com os principais bancos, informa a assessoria de comunicação da empresa. São parcerias que permitem aos clientes realizar transações, como consulta a saldos, transferências e compra de recarga. No final de 2010, a TIM e o Itaucard fizeram um acordo para oferta de cartões de crédito exclusivos para seus clientes, via celular.

Outro papel fundamental das operadoras de telefonia no mercado brasileiro, segundo a TIM, diz respeito ao mobile money. "A empresa acredita que, para oferecer o serviço, sejam necessárias soluções simples e ao alcance da sua ampla base de clientes, que possam contar com uma grande rede de pontos de vendas. Desta forma, permitirá ao assinante ter o celular com sua carteira virtual segura, representando sua conta corrente ou mesmo o cartão de crédito, o que aumenta a possibilidade das operadoras em oferecer diversos serviços, tais como pagamentos móveis, compra e transferência de recarga e remessas nacionais ou internacionais de dinheiro", diz comunicado da empresa.

Telefone vai ser carteira eletrônica

O pagamento de compras de cartões de crédito utilizando a tecnologia Near Field Communications (NFC), que vai transformar celulares em carteiras eletrônicas, é uma solução que está sendo experimentada por alguns bancos e operadoras de cartão de crédito. Mas as empresas não estão acomodadas e procuram novas soluções. Segundo Percival Jatobá, diretor de produtos da Visa, a empresa adquiriu várias empresa dentro do âmbito de canais digitais (internet ou celular) para oferecer a melhor plataforma para transações no celular. Um exemplo, indica ele, foi a compra da Fundamo, uma das principais fornecedoras de serviços financeiras móveis para operadoras de rede móvel.

A tecnologia Near Field Communications (NFC), que permite a comunicação sem fio a curta distancia entre aparelhos eletrônicos, é inovadora e deverá transformar os celulares em carteiras eletrônicas para pagamentos. Cielo e Visa são duas operadoras que realizam testes pontuais com essa tecnologia e é possível que até o final do ano os equipamentos para leitura e realização de transações estejam disponíveis no mercado varejista.

A Caixa Econômica Federal, diz Paulo Nergi Boeira de Oliveira, diretor executivo de estratégia e distribuição, quer incentivar entre os clientes bancarizados o uso do Caixa Celular, com a inclusão da funcionalidade "compras", em estabelecimentos com equipamentos POS, por meio da vinculação de cartão de débito ao celular.

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