6 de jul. de 2011

SANTANDER ELEGE SETE PAÍSES LATINOS PARA CRESCER

jornal Brasil Econômico 05/07/2011 – Ana Paula Ribeiro

O Santander planeja capturar até 20% dos novos clientes que serão incorporados pelo sistema bancário em quatro anos na América Latina. A expectativa do banco espanhol é que 25 milhões de pessoas sejam bancarizadas no período. “Este índice na América Latina ainda é muito baixo por conta de 20 anos de crises bancárias”, disse o diretor-geral da instituição financeira, Francisco Luzón.

Mas quando fala em América Latina, região formada por 32 países, o banco está de olho em um seleto grupo de apenas sete nações. Todas com potencial de crescimento e rentabilidade atraentes, na visão da instituição. “Sistemas não rentáveis acabam levando a crises”, defendeu o executivo durante o 10º Encontro Santander - América Latina, realizado na cidade espanhola que dá nome ao banco.

O grupo de interesse do Santander na América Latina é liderado por Brasil e México. Argentina, Chile, Colômbia e Peru também são considerados países com massa crítica significativa, ou seja, economias em crescimento e com boa fatia do Produto Interno Bruto (PIB) da região. O último país a fazer parte desse grupo é o Uruguai. A estimativa do banco é que nesses sete países as classes A, B e C representem 63% da população. “Pode-se dizer que se esgotaram as razões objetivas do fatalismo econômico que perseguiu o continente desde ao menos o final dos anos 70 do século passado.”

Apesar do otimismo com a região, Luzón afirma que são três os desafios que devem ser enfrentados para a região manter essa posição e conseguir intensificar o processo de bancarização. O primeiro é reduzir a desigualdade. O segundo desafio é aumentar os investimentos em capital físico e humano, e o terceiro, é desenvolver os sistemas financeiros.

“Apesar de ter bons sistemas bancários que foram construídos nas últimas duas décadas, a América Latina sofre de um insuficiente e pouco equilibrado desenvolvimento de seus mercados financeiros nacionais”, considerou o executivo, que defende que esse é um fator importante para se ter poupança e investimento de longo prazo.

Na estratégia do Santander, é necessário que os países da região não fiquem limitados em desenvolver apenas o mercado bancário. O conjunto dos sete países eleitos pelo Santander como prioritários tem uma relação entre crédito e PIB de 30% e o ideal seria 75%. Apenas o Chile está próximo deste patamar.

Para se chegar a um mercado financeiro mais desenvolvido, o banco acredita que é necessário elevar as emissões de renda fixa local de longo prazo e as operações de renda variável. A saída, segundo Luzón, é firmar um pacto entre instituições públicas e privadas para se chegar a esse objetivo, o que inclui mudanças nos marcos regulatórios e mecanismos de controle e supervisão.

Esse desenvolvimento deve ocorrer, na visão do executivo, junto com a inclusão bancária e a maior oferta de serviços financeiros. O movimento conjunto é o que o Santander chama de “bancarização sustentável”, que precisa gerar retorno. “O setor financeiro deve ter uma rentabilidade adequada ao nível de capital que consome e aos riscos que assume”, disse Luzón, defendendo que só assim é possível evitar crises futuras que possam demandar recursos públicos para sanar as deficiências do sistema.

No Brasil, o interesse do grupo não é recente. Com a compra do controle do Banespa em 2000, o Santander deu início à expansão da operação no país — que, em 2010, representou 25% do lucro mundial, enquanto o da Espanha foi de 15%. “Hoje o Brasil é mais importante do que a matriz”, avalia João Augusto Salles, analista da Lopes Filho Consultoria.

Segundo Salles, o fenômeno de bancarização ocorre em toda América Latina, mas é mais consistente no Brasil. “Os bancos estão tentando atingir a nova faixa de consumo, ao mesmo tempo em que ofertam novos produtos aos já clientes e pequenas e médias empresas.” Colaborou Natália Flach *A repórter viajou a convite do Santander

Banco vai listar mais subsidiárias em bolsa

O Santander prepara a abertura de capital das operações do banco no Reino Unido e na Argentina, o que deve começar a ser feito já no segundo semestre desse ano.

Outras unidades também passarão por esse processo. “Seria razoável também no México, mas no médio prazo”, afirmou o diretor geral do banco, Francisco Luzón.

Os planos ganharam fôlego com a bem-sucedida oferta de ações feita pela subsidária brasileira. O Santander Brasil lançou ações em 2009, levantando nada menos que R$ 13,2 bilhões com a oferta primária. “Com a oferta, a capacidade de alavancagem do Santander ficou maior do que de seus pares e houve maior predileção por pequenas e médias empresas e por crédito consignado”, diz João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho.
Ele acrescenta que os custos de captação na Espanha estão muito maiores por causa da crise soberana enfrentada pelo país ou seja, os investidores pedem prêmios maiores para dívida e descontos maiores para ações, o que justifica buscar recursos através de subsidiárias.

Além das listagens, Luzón não descarta partir para mais aquisições, em cerca de cinco anos, desta vez nos Estados Unidos e na Colômbia. (A.P.R. e N.F.)

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