21 de fev. de 2012

CIELO MUDARÁ COMUNICAÇÃO SEM REDECARD NA BOLSA


jornal Brasil Econômico 10/02/2012 – Flávia Furlan

O fechamento de capital da concorrente Redecard pode mudar a forma como a credenciadora de cartões Cielo, que deve ser a única companhia de seu setor com ações negociadas na BM& F Bovespa, se comunica com o mercado financeiro. “Vamos avaliar a conveniência e a oportunidade de prover guidance ao longo do ano”, afirma o presidente Rômulo Dias, sobre a possibilidade de não mais fornecer expectativas de resultados.

O Itaú Unibanco anunciou na quarta-feira o desembolso de R$ 11,7 bilhões para aquisições das ações em circulação da Redecard — empresa na qual o banco é acionista controlador com 50% de participação—para cancelamento do registro da companhia aberta obtido em 2007 e saída do Novo Mercado, nível mais elevado de governança corporativa. O processo pode levar até seis meses.

O fechamento de capital da Redecard a desobriga de divulgar informações, o que coloca a Cielo em uma situação de desvantagem. Outra concorrente, a credenciadora formada pela parceria Santander e GetNet, está desobrigada a prestar as informações por não ser listada em bolsa. “O fechamento de capital é uma forma de se defender dos concorrentes, já que não é preciso mais divulgar dados. A Redecard pode ser mais agressiva e isso não vai ficar exposto”, diz a analista Sandra Peres, da Coinvalores.

Segundo o presidente da Cielo, a política de divulgação de dados será revista, mas sem deixar analistas e investidores desorientados sobre a condição da empresa. “Dado que somos companhia aberta, vamos dar a melhor qualidade de informação possível para o mercado avaliar a Cielo.” Sobre os planos de fechamento de capital da credenciadora, ele afirma que desconhece qualquer notícia neste sentido por parte dos controladores Bradesco e Banco do Brasil.

Os analistas Leonardo Zanfelicio e Karina Freitas, da Concórdia, reiteram que a Cielo tem um cenário mais desafiador. “Como empresa aberta, ela estaria muito mais exposta em relação a suas principais concorrentes”, afirmaram.

Se, por um lado, a mudança a respeito da concorrente pode alterar a divulgação de resultados da Cielo, por outro, o posicionamento de mercado da companhia permanece inalterado. “Nossa estratégia vai ser de continuar a crescer e acelerar de forma rentável, trazendo novos produtos e serviços aos clientes”, considera o executivo.

Resultados

A Cielo apresentou lucro líquido de R$ 1,81 bilhão em 2011, redução de 1% frente ao ano anterior. “No ano passado, houve queda basicamente em função de um cenário mais competitivo e de quedas nas taxas de desconto”, afirma Dias, a respeito da taxa cobrada pela prestação de serviço sobre as vendas do varejista. Apesar da queda anual, no quarto trimestre, houve aumento de 13,8% do lucro líquido da Cielo, frente ao mesmo período de 2010. No período, a participação da empresa no mercado passou de 56,3% para 58% quando avaliado o volume financeiro transacionado. “No ano de 2011, capturamos um volume financeiro equivalente a 7,6% do Produto Interno Bruto brasileiro”, destaca o executivo.

Um ponto negativo do resultado destacado pelos analistas foi o crescimento das despesas operacionais— de 59,4%, equivalente a R$ 77,5 milhões — em especial com marketing, que mais que dobraram no quarto trimestre. A estratégia da Cielo tem sido a de investir para ganhar participação de mercado, ao contrário da Redecard, que fez um esforço de eficiência operacional, com redução de custos.

Para este ano, a Cielo planeja investimentos na ordem de R$ 300 milhões, inferior aos R$ 360 milhões de 2011 e também à cifra de R$ 500 milhões anunciada pela Redecard. O dinheiro será direcionado basicamente para aquisição de máquinas de captura de transações, para ampliação e modernização do parque. “Nós nos antecipamos à evolução do mercado e fizemos investimento mais forte do que o praticado na indústria no ano passado”, justifica Dias. De acordo com ele, o volume de R$ 300 milhões pode aumentar conforme a necessidade. Ontem, as ações da Cielo fecharam o pregão cotadas a R$ 56, com leve alta de 0,07%.

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