jornal Diário do Comércio 03/06/2011 - Paula Cunha
O Brasil tem enorme potencial de crescimento no comércio online. De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), realizado na área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs), e que considerou o uso de computador por domicílio, havia 63 milhões de internautas no Brasil em 2009. Deste total, apenas 19%, ou 11,97 milhões, realizaram compras pela internet, o que aponta que a receita obtida por esse canal de vendas restringiu-se a 1% de todo o varejo brasileiro.
A receita do comércio online cresceu 145% de 2003 a 2008, totalizando R$ 5,88 bilhões nesse último ano. Os números poderiam ser maiores se houvesse mais ênfase em educação dos jovens e acesso garantido ao mundo digital, segundo especialista.
Os números foram divulgados ontem pela entidade, em Brasília, no documento intitulado "Vendas online no Brasil: uma análise do perfil dos usuários e da oferta pelo setor de comércio".
O estudo analisou as características dos internautas de todo o País que fazem compras de produtos e serviços pela internet, em relação ao total de pessoas que já acessaram a rede em 2009. O documento indicou que a maioria dos internautas pertence ao sexo masculino (22%), está empregada (25%) e tem idade entre 35 e 44 anos (29%). Além disso, foi constatado que a maior parte dos que fazem compra pertence à classe A (59%), tem nível superior (41%) e reside nas zonas urbanas (20%) do País. Esses internautas concentram-se na região Sudeste (23%).
De acordo com o técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Luís Cláudio Kubota, iniciativas educativas são essenciais para ampliar esses números. As ações se revelam mais necessárias quando se observa os índices de internautas que já realizaram compras online por classe social. Enquanto 41% dos usuários têm nível superior, 18% declararam ter ensino médio completo e 7% o fundamental.
Desigualdade – O estudo apontou desigualdades por regiões do País entre os que já fizeram compras na internet. A região Sudeste ficou com a fatia maior de usuários, 23%; seguida da Sul (20%); Norte (19%); Centro-Oeste (19%) e Nordeste (12%). Estes percentuais, analisa Kubota, indicam que o processo estrutural de mudanças no varejo, com a chegada e a consolidação do comércio online, ainda está concentrado nas grandes cidades e nas capitais. O técnico do Ipea lembra que grandes empresas varejistas, como Walmart e Carrefour, por exemplo, não atuam nos municípios de pequeno e médio portes.
Supermercados – De acordo com o relatório do Ipea, o número total de empresas que atuam na internet aumentou de 2003 a 2008, passando de 1.305 para 4818. De 2007 para 2008, último ano do estudo, o aumento foi de 30,7%. O estudo ressalta que o comércio não-especializado, ou seja hiper e supermercados, lojas de departamentos e mercearias, entre outros, corresponde a 25% do total das vendas online no varejo do País.
Quanto à análise da idade dos internautas, o total de usuários que já realizaram compras está distribuído entre pessoas de 10 a 15 anos (4%), 16 a 24 (18%), 25 a 34 (26%), 35 a 44 (29%), 45 a 59 (26%) e 60 anos ou mais (22%). Os resultados indicam que os usuários mais velhos são os que mais consomem por meio da web.
Outro dado constatado pelo estudo indica que os internautas que utilizam serviços com tecnologia VoIP e que sabem enviar e-mails com arquivos em anexo também são candidatos mais prováveis a consumir ou encomendar produtos pela internet. A explicação do técnico é de que esses indivíduos já dominam o uso de alguns recursos, o que confere a eles familiaridade com o meio eletrônico e, consequentemente, mais segurança para realizar compras virtuais.
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