14 de jun. de 2011

COMEÇA CORRIDA PARA DIGITALIZAR DADOS DO BRADESCO

jornal Brasil Econômico 13/06/2011 – Carolina Pereira

A digitalização de todos os cheques emitidos no país, obrigatoriedade instituída no último dia 20 de maio pelo Banco Central, foi o pontapé inicial para o projeto que prevê tornar digitais 80% das informações que transitam no Bradesco dentro de dois anos. A instituição financeira pretende utilizar o investimento em infraestrutura tecnológica feito para armazenar os cheques para tornar digitais também outros documentos como contratos de financiamento e fichas de abertura de contas, entre outros.

Para que isso aconteça, um dos quesitos que ainda precisam ser definidos é o fornecedor do sistema de gerenciamento de conteúdo, chamado de Enterprise Content Management (ECM). Na prática, o que os sistemas deste tipo fazem é armazenar, gerenciar e preservar conteúdos digitais como os cheques recebidos pelo banco, por exemplo.

A americana EMC, que é conhecida pelo equipamento voltado para armazenamento de dados e fatura aproximadamente US$ 17 bilhões globalmente, está na concorrência e quer usar a oportunidade para entrar com mais força na área de software no Brasil. “Se formos escolhidos o Bradesco será nosso primeiro cliente nessa linha de atuação”, afirma Giampaolo Michelucci, diretor comercial da EMC.

Todo o projeto de digitalização do Bradesco, incluindo a chamada truncagem de cheques, já realizada, vai demandar, ao todo, investimentos da ordem de R$ 70 milhões, e a EMC é uma das companhias que quer abocanhar a fatia referente ao gerenciamento de dados do banco.

Segundo a EMC, a gigante IBM é uma das concorrentes no projeto. Sérgio Fortuna, líder de informação para a área de software da IBM Brasil, diz que a empresa não comenta concorrências. A companhia já é a fornecedora da solução para armazenamento e disponibilidade dos cheques digitais, já em funcionamento.

Fortuna afirma que o próximo passo dos bancos é fazer com que a captura das imagens seja feita diretamente no caixa, em vez de ocorrer em um centro geral de captura, como tem acontecido em alguns casos. Dessa forma, os custos com transporte serão reduzidos ainda mais.

O Bradesco, por exemplo, vai instituir a captura em todas as agências nos próximos 60 dias (hoje 40%dos cheques são escaneados em polos de serviço, e não na boca do caixa). Embora o investimento do Bradesco de R$ 70 milhões possa parecer alto à primeira vista, o fato é que, a economia do banco com transporte dos cheques para compensação será de R$ 40 milhões ao ano, segundo Laércio Albino Cezar, vice-presidente executivo do Bradesco. “Isso sem falar nos ganhos intangíveis nos processos internos”, diz.

Vantagens

O diretor adjunto de serviços da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Walter Tadeu Pinto de Faria, explica que as economias com transporte não são a única vantagem da compensação eletrônica dos cheques.

Na prática, o que vai mudar para os correntistas é que, em pouco mais de um mês, a partir de 20 de julho, o sistema vai possibilitar que haja um prazo unificado de compensação. “Hoje, em áreas de difícil acesso, como o interior do estado Amazonas, por exemplo. o prazo pode chegar a 20 dias úteis”, diz Faria. Coma digitalização, o tempo será de, no máximo, dois dias úteis, também de acordo com o diretor.

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