jornal DCI 02/06/2011 - Gleyma Lima e Agências
Um dos sócios do Pão de Açúcar, Abílio Diniz pode estar de olho para comprar também as lojas do Baú da Felicidade, além de estar em processo de negociação para assumir a gestão da subsidiária brasileira do Carrefour. Segundo fontes do mercado, isso não seria um problema. Além disso, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) veria com bons olhos essa negociação, pois fortaleceria o mercado. Muito mais inclusive, isso agradaria o governo brasileiro, pois gera o competitividade no segmento varejista, afirma fontes ligadas ao caso para o DCI.
Para o advogado da Demarest e Almeida Advogados, Mário Nogueira, Abílio Diniz teria apenas de se desligar das ações de que é responsável dentro do GPA e dar as mesmas para um banco tomar conta. "Se esta movimentação acontecer no mercado a aprovação no Cade é quase certa, tanto se ele adquirir apenas o Carrefour ou se ele resolver adquirir também o Baú da Felicidade", explica o advogado especializado em fusões e aquisições, lembrando que até agora a única empresa que fez uma proposta para adquirir todas as lojas do Sílvio Santos foi o Pão de Açúcar, em um valor estimado em R$ 1 bilhão, segundo fontes do mercado. Agora falta saber se quem fez a proposta foi o Abílio Diniz, empresário, ou o Grupo Pão de Açúcar.
Quem não está gostando de ganhar um concorrente para os supermercados e para o segmento de eletroeletrônicos é o francês Casino, que depois disso tomou providências.
Segundo informações divulgadas pela imprensa, Diniz deve receber a intimação do tribunal até amanhã ou segunda-feira. As partes têm um prazo 30 dias para nomear os árbitros da causa. Pelo acordo de acionistas, o Casino e Abilio Diniz indicarão um árbitro cada um. E um terceiro juiz será nomeado por ambos.
Para amenizar o "mal-estar" Diniz enviou uma carta ao presidente Executivo da companhia, Enéas Pestana, para comentar a queda da empresa no Ibovespa em que afirma "acreditar que a verdade prevalecerá" em breve e pede para que a equipe mantenha a "serenidade" diante da queda dos preços das ações. O empresário também sugere que a empresa está sob "ataque" e que fará o que puder para protegê-la. "Vocês me conhecem muito bem. Estou fazendo tudo aquilo que está ao meu alcance para deixar vocês e a companhia protegidos contra qualquer ataque. E no final da carta explica indiretamente o que anda fazendo "por baixo dos panos". "Vocês sabem também que sempre coloquei os interesses da companhia e dos acionistas acima de qualquer interesse pessoal e jamais consideraria qualquer coisa que prejudicasse a Companhia", finaliza.
Ações
A Cia. Brasileira de Distribuição -Grupo Pão de Açúcar, maior rede varejista brasileira, caminha para a maior queda acumulada em dois dias de negócios dos últimos dez meses. A disputa entre os controladores da empresa fez a Raymond James & Associates Inc. rebaixar sua recomendação.
A ação caía 3,3 por cento às 12:00, negociada a R$ 61,10. Desde 30 de maio, a perda acumulada é de 8,7 por cento. Apesar disso, as ações no final do dia tiveram a menor queda dia e fechou com R$ 62,30 uma queda de 1,43%.
Arbitragem
Na última terça-feira o francês Casino, sócio do brasileiro Abílio Diniz no Pão de Açúcar, recorreu à Câmara Internacional de Comércio (ICC), pedindo uma arbitragem contra a família Diniz para que o grupo cumpra os acordos fechados em novembro de 2006. No entanto, Diniz divulgou carta negando a arbitragem. Em comunicado ele afirma não saber de nada. "Até o momento, não recebi qualquer comunicação a respeito do pedido de arbitragem. Informo, ainda, que não descumpri qualquer disposição dos acordos de acionistas arquivados na Companhia, nem dos demais contratos celebrados entre os acionistas controladores", explica o sócio.
Disputas arbitrais sempre são cercadas de confidencialidade, prevista no acordo de acionistas; com isso, não se sabe exatamente quais foram os pedidos do Casino de punição à família Diniz.
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