6 de ago. de 2010

CIELO PROJETA ENTRADA DE MAIS BANDEIRAS NO SETOR DE CARTÕES

jornal DCI 06/08/2010 - Fernando Teixeira

Depois da a quebra de exclusividade entre Visa e Cielo, no dia 1º de julho, o mercado começou a mudar. A primeira alteração foi o impacto no balanço da Redecard. A credenciadora aumentou os gastos com contratação de pessoal e despesas de marketing. Outra mudança, segundo o presidente da Cielo, Rômulo de Mello Dias, poderá ser a criação de mais bandeiras de cartões no mercado, além da Elo.

Mello Dias destacou, durante a apresentação dos resultados da empresa, que o mercado de cartões e de credenciamento está aberto. "Outras redes de credenciamento e bandeiras podem surgir no cenário. Isto se faz necessário no Brasil. Mas é claro que investimentos precisam de retorno", afirmou.

Segundo ele, todo o desenvolvimento da nova bandeira brasileira de cartões, a Elo - bandeira da holding criada em abril pelo Bradesco e o Banco do Brasil - é feito pela Cielo. Contudo, Mello não disse se a credenciadora deterá exclusividade nas transações da nova bandeira.

No lançamento do cartão, a holding apresentou como objetivo atingir 15% do mercado de cartões em cinco anos e sinergias financeiras entre os bancos de R$ 1 bilhão até 2015.

O executivo destacou que mais uma bandeira de cartões tende a trazer mais volume de transações e de dinheiro, uma vez que a Elo será destinada para usuários que não tem cartão algum. "Cada banco pode fazer a migração de base se quiser; depende da estratégia do emissor."

Ele não descartou operações entre redes de varejo e a nova bandeira. "Pode-se chegar a acordo entre varejistas e emissores para fornecer cartões co-branded."

Para o diretor da Partner Consult Álvaro Musa, a maior possibilidade de surgirem novas bandeiras deve acontecer com os bancos médios e com bandeiras regionais. Para ele, o nascimento da bandeira Elo é um "sintoma nacional" de que o cenário brasileiro de cartões está mudando. "É mais difícil criar mais novas bandeiras nacionais além da Elo", refletiu o executivo.

Segundo Musa, há "um ou dois projetos de bancos médios" que querem criar novas bandeiras. "A princípio seriam voltadas para pessoas físicas. É uma forma de ampliar serviços aos varejistas. Mas há caso que se estuda a criação de cartões e bandeiras para pessoas jurídicas."

Para ele, a consolidação deste novo nicho de mercado deve acontecer no Brasil inteiro. "Claro que São Paulo e Rio de Janeiro já tem a predominância de Visa e MasterCard. Mas o País tem o centro-oeste, sul e nordeste com muita força de consumo."

Ele reforça o argumento dizendo que existem bandeiras regionais muito fortes e que mesmo sem novos adquirentes as bandeiras se fortalecem. "A Cielo e Redecard podem aceitar qualquer bandeira. Acordos devem surgir."

Quanto ao fato de as bandeiras médias poderem ameaçar a hegemonia das bandeiras MasterCard, Visa e Amex, Musa até acredita em um leve enfraquecimento. "São marcas consolidadas no mercado. Quem ditará o ritmo são os varejistas."

Resultados

A credenciadora de cartões de crédito e débito Cielo fechou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 457,7 milhões. O valor é 25,5% maior que o alcançado no mesmo período de 2009, quando o valor foi de R$ 364, 814 milhões. Já na comparação com o primeiro trimestre o aumento foi de 4%.

A receita líquida da companhia somou R$ 1,048 bilhão no trimestre, uma alta de 21,6%. A empresa também registrou, neste trimestre, aumento de 21,9% no volume financeiro de transações em relação ao mesmo período de 2009 e atingiu R$ 61,6 bilhões.

Ontem, as ações da Cielo fecharam em baixa de 0,88%, cotadas a R$ 15,84.

De acordo com o presidente da companhia, Rômulo de Mello Dias, a partir de agora o HSBC será o banco preferencial da credenciadora. "Eles poderiam criar uma nova credenciadora partindo do zero, ou aderir a nós." Mello Dias descartou que a medida seja uma forma de barrar o avanço do Santader e GetNet.

Santander

A base de cartões de crédito do Santander cresceu em 1 milhão nos seis primeiros meses do ano. Segundo o banco, já são mais de 10,7 milhões de unidades em circulação do produto.

De acordo com o Santander, dentro da carteira de pessoa física o cartão de crédito foi o produto que teve o segundo maior incremento no segundo trimestre de 2010: em junho, totalizou R$ 8,8 bilhões, 24% a mais do que 12 meses antes. "Temos buscado entender as demandas dos nossos clientes para desenvolver produtos com mais conveniência e também para estimular o uso consciente do cartão", disse Cassius Schymura, diretor executivo da área no Santander.

Os resultados do banco, aliás, reafirmam a tendência de alta do mercado: de acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), o número de cartões de crédito em junho foi 11% maior do que um ano antes.

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