3 de fev. de 2011

VENDA DA CASA & VÍDEO PARA O BTG ABRE NOVA ONDA DE FUSÕES NO SETOR

jornal DCI 03/02/2011 - Gleyma Lima

Recomeça a onda de fusões e aquisições no setor varejista brasileiro, com o anúncio, neste começo de mês, da compra da rede varejista carioca [especializada em eletroeletrônicos] Casa & Vídeo, avaliada em R$ 600 milhões. A marca concorre com as gigantes do mercado Casas Bahia, Ponto Frio, Magazine Luiza e Máquina de Vendas, entre outras. Ontem, foi anunciado o fechamento de um pré-contrato de compra da rede carioca pelo banco a BTG Pactual e o negócio deve ser oficializado no final deste mês, de acordo com a empresa. - Conforme apurações da última pesquisa da consultoria da KPMG sobre fusões e aquisições no Brasil, referentes ao ano passado, o varejo obteve um crescimento de 37% de 2010 para 2009. Os segmentos que mais se destacaram no ano anterior foram shopping centers, lojas de varejo e supermercados.

Segundo o sócio diretor de Desenvolvimento de Negócios e especialista em varejo da KPMG, Paulo Ferrenzen, o setor obteve um grande destaque graças à ascensão da classe média e ao fluxo de investimento que o segmento movimentou. "O mercado brasileiro segue otimista. Globalmente hoje o nosso país se tornou alvo de interesses de operadores internacionais", explica.

Para 2011 os segmentos que a consultoria destaca são: supermercados, confecções, eletroeletrônicos e farmácias . Para Ferrenzen, quem deve querer abocanhar os setores citados principalmente são os investidores estrangeiros que veem no Brasil uma forma de crescimento mais rápido por meio de aquisições.

Negociação BTG

Com relação à nova aquisição no varejo, em entrevista recente ao DCI, o grupo Casa & Vídeo havia afirmado que era assediado pelo grupo Americanas, e também não descartava a possibilidade de abrir capital - ou até de receber novos sócios para compor a rede. Ao que tudo indica, a segunda alternativa parece ser a mais provável, pois o banco BTG assinou esse pré-contrato de intenção de compra de 70% da varejista Casa & Vídeo no último sábado (29/1), na sede do banco, em São Paulo.

Porém, vale destacar que essa estratégia já havia sido desenhada, em acordo semelhante ao também firmado entre a Casa & Vídeo durante meses com a Lojas Americanas, no ano passado, mas que acabou não saindo.

Segundo o sócio da Demarest e Almeida Advogados, Mario Nogueira, o pré-contrato garante apenas a exclusividade de compra e troca de informações e não gera nenhuma obrigação entre as partes. "Transações deste porte podem durar até um ano para serem concluídas", explica Nogueira. Outra rede varejista que vive nos holofotes sobre compra e venda é a rede Lojas do Baú, além da empresa que possui vendas diretas, a Jequiti - ambas do Grupo Silvio Santos. Porém, o empresário ressaltou esta semana que não deve vender nenhuma das duas. Além delas, a Loja Cem foi assediada no ano passado, mas até o momento não houve anúncio de compra ou venda oficializada.

Para alcançar a fatia de 70% na empresa, o BTG fará quatro operações. Primeiro, converterá em ações debêntures da companhia emitidas pelo banco em julho do ano passado, no valor de R$ 40 milhões . Em seguida, fará um aporte de R$ 100 milhões d no caixa da carioca. Juntas, as duas operações darão ao banco cerca de 50% da empresa. Por fim, irá adquirir uma participação de 20% na C&V Holding, que controla a Casa&Vídeo, por cerca de R$ 100 milhões. Essa é a quantia que, de fato, irá para o bolso de Fábio Carvalho, dono da empresa com 100% das ações da holding. Para compor o valor total da empresa, entrou ainda na conta a sua dívida, de R$ 230 milhões.

Segundo informações do mercado, as empresas não chegaram a um consenso sobre o valor do ajuste de capital de giro que deveria ser aplicado no contrato - o recurso é usado para evitar distorções entre o capital de giro da companhia apurado na diligência e o existente no momento da finalização do acordo. A Lojas Americanas exigiu um desconto de R$ 50 milhões acima do calculado pela Casa & Vídeo.

As conversas entre as duas empresas começaram em junho e a proposta da Lojas Americanas, que previa adquirir 100% da companhia, foi formalizada ainda em agosto. O negócio desandou já na assinatura final do contrato, no final de novembro.

Se depender apenas do BTG, o negócio deve ser fechado rapidamente, pois até o final do ano passado o grupo já tinha fechado vários negócios apoiados no crescimento do consumo interno, nos setores de farmácias, postos de combustível, estacionamentos, hospitais e automóveis.

A empresa vende produtos para o lar, eletrônicos e eletrodomésticos - assim como Casas Bahia, Baú, Ponto Frio, Extra, Magazine Luiza, e Ricardo Eletro, entre outras.

Quem também vai querer entrar na roda de fusões ou aquisições no setor é a Advent International Corp., que tem US$ 2 bilhões para fazer compras no Brasil e aproveitar o crescimento mais rápido da economia do País, além da pulverização de alguns segmentos do comércio. A empresa, que é especializada em compra de participações em companhias de capital fechado, vai fechar negócios este ano, disse o executivo da empresa Patrice Etlin, por meio de nota, e sem dar mais detalhes sobre prazos.

Segundo o executivo, a companhia está de olho em várias empresas nos setores de varejo de nicho que são os segmentos de materiais de construção e farmácias. A Advent International é um fundo de private equity que atua no Brasil desde a década de 90 com foco em varejo e serviços. O grupo fez investimentos em companhias como a rede de lojas de aeroportos Dufry Group, na Cetip SA Balcão Organizado de Ativos e Derivativos e na International Meal Co. Holdings SA, controladora de redes de restaurantes (Viena e Frango Assado).

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