3 de fev. de 2011

BRADESCO NEGOCIA VENDA DO BAÚ DA FELICIDADE

jornal Brasil Econômico 03/02/2011 - Cintia Esteves

Após Silvio Santos ter suspendido o contrato com a Galeazzi & Associados, consultoria que estava à caça de compradores para as lojas do Baú da Felicidade, o Bradesco assumiu as negociações. Era com executivos do banco que até o início desta semana Márcio Pauliki, presidente da Mercadomóveis, rede paranaense de móveis e eletroeletrônicos, estava conversando para apresentar sua segunda proposta de compra da rede de Silvio Santos.

Fonte ligada à negociação confirma que o Bradesco BBI, braço de assessoria financeira do grupo, tem o mandato de venda do Baú. Procurado, o banco não comenta o assunto. Pauliki garante que prepara-se para ir a São Paulo, na próxima semana, para uma nova rodada de negociações — mesmo com as declarações dadas por Silvio Santos após a venda do Panamericano para BTG Pactuai. Depois de assinar o contrato, o empresário avisou que "quem queria comprar o SBT, não está mais à venda. Também não estão mais à venda a Jequiti e as Lojas do Baú".

Depois de ler as declarações de Silvio Santos nos jornais, Pauliki ligou para o Bradesco. "Eu queria saber se eles continuariam intermediando as negociações. Eles me informaram que não tinham recebido nenhuma nova orientação de Silvio Santos, mas que me ligariam assim que tivessem alguma novidade." Até ontem à noite, ninguém havia cancelado a reunião com ele.

Plano

Para ganhar força na disputa pelas lojas do Baú, Pauliki formou um consórcio com duas outras varejistas de eletroeletrônicos. "Como cada uma das empresas deseja apenas uma parte da rede do Baú, resolvemos nos unir", diz Pauliki, sem, no entanto, revelar quem são estes varejistas. Procurado, o Baú da Felicidade não se pronunciou sobre o assunto.

A Mercadomóveis possui 150 unidades em Santa Catariana e Paraná. A varejista sonha em reforçar sua presença na região desde a época em que a Dudony, outra rede local, entrou em recuperação judicial. Em 2009, a Dudony foi colocada à venda e Pauliki fez uma proposta por uma parte das lojas da rede, mas o Baú levou a melhor e arrematou a companhia por R$ 33 milhões. Em novembro do ano passado, quando um rombo de RS 2,5 bilhões no Panamericano foi descoberto, uma nova esperança surgiu nos corredores da Mercadomóveis.

Pauliki viajou até São Paulo e apresentou a José Roberto Prioste, presidente do Baú, uma oferta por 50 lojas no Paraná.

Apesar do Baú ter 85 pontos de venda na região, não é interessante para a Mercadomóveis adquirir todos eles . "As outras 35 unidades estão próximas a lojas que já temos ", diz Pauliki.

Novo interlocutor

Depois do encontro com Prioste, a negociação entre Mercadomóveis e Baú seguiu intermediada pela Galeazzi & Associados. Mas Silvio Santos rompeu contrato com a consultoria após entrevista de Cláudio Galeazzi, presidente do conselho da empresa, ao BRASIL ECONÔMiCO. Na ocasião, Galeazzi disse que estava fazendo um diagnóstico para ver se valia a pena o Baú continuar com as operações ou não. Depois disso, o Bradesco foi contratado e começou a negociar com Pauliki. O dono da Mercadomóveis afirma que, na disputa, além do seu consórcio, estão a Elektra, do empresário mexicano Ricardo Salinas, e o Ponto Frio, do grupo Pão de Açúcar, que não retornou os pedidos de entrevista sobre o assunto.

Em dezembro, a Elektra chamou o ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto para negociar a compra do Baú. Ele é amigo de Salinas e mantém boas relações com Silvio Santos. O empresário mexicano possui 16 lojas de eletroeletrônicos no Brasil e anunciou que vai investir R$ 16 milhões na abertura de mais 45 pontos de venda este ano. Colaborou Maria Luíza Filgueiras

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