3 de ago. de 2010

BANDEIRA ELO TERÁ LINHA DE CARTÕES PRÉ-PAGOS

jornal Valor Econômico 02/08/2010 – Adriana Cotias

A criação da bandeira elo promete dar a sua contribuição ao uso do débito no país. Como a marca está sendo concebida para o público de menor renda, o débito tende a ser o carro-chefe da operação, diz Denilson Molina, diretor de cartões do Banco do Brasil. Ele conta que a intenção é desenvolver uma linha variada de cartões pré-pagos - que, em seu entender, podem ser um forte indutor de educação financeira, que carregam menos custos do que uma conta corrente para quem faz a sua estreia no sistema financeiro. "Muitas vezes, o cliente faz uma única transação de saque ao mês, tira todo o saldo do banco e vai pagando suas compras com dinheiro."

A recarga para pagamento de serviços domésticos ou para a mesada dos filhos são algumas das utilizações possíveis, exemplifica. A referência direta com o celular pré-pago, já amplamente difundido entre os estratos sociais mais populares, não é casual. "A lógica de pagar na frente é a mesma para grande parte dos clientes potenciais." De acordo com Molina, o elo também tem planos de inserir o cartão no próprio celular e avançar no segmento de "mobile payment". "O celular já está na mão desse consumidor potencial."

Márcio Parizotto, do Bradesco, acrescenta que a ideia é agregar ainda outros serviços ao elo na função débito e fazer promoções exclusivas da bandeira para incentivar a utilização.

A última pesquisa da Febraban sobre o setor bancário mostra que os terminais de autoatendimento concentram o maior número de transações feitas pelo brasileiro, com 15,8 bilhões no ano passado, representando 33% do bolo, sem separar, porém, o volume exclusivo de saques. Para Cassius Schymura, diretor da área de cartões do Santander, o sistema financeiro nacional ainda precisa mergulhar nesse tema, para estimular o débito, menos oneroso do que a infraestrutura de autoatendimento.

O desenho do cartão de crédito no Brasil é, porém, um obstáculo estrutural ao avanço do débito. Com a facilidade de pagar a fatura em até 40 dias e com a disseminação da modalidade parcelada sem juros nos cartões de crédito, a tendência é que o débito fique em segundo plano, pondera o presidente da Redecard, Roberto Medeiros. Conforme as demonstrações apresentadas na sexta-feira, no segundo trimestre, o faturamento com cartões de crédito na rede cresceu 22% quando comparado a igual período do ano passado, enquanto o faturamento no débito cresceu 15,2%.

Nenhum comentário: