20 de fev. de 2012

PAYPAL TRARÁ AO BRASIL PAGAMENTO POR CELULAR


jornal Brasil Econômico 20/01/2012 – Flávia Furlan

O negócio de pagamentos on-line inicia uma segunda etapa no Brasil, em que as companhias buscam conquistar parte das transações fechadas por celulares, um segmento ainda pequeno mas com grande potencial. Empresas como PayPal e Locaweb, fornecedoras de serviços que facilitam e dão mais segurança para lojistas e consumidores nas transações feitas pela web, iniciam agora a briga no ambiente de transações via celulares.


O país alcançou, em 2011, 242,2milhões de celulares, com 39,3 milhões de novas habilitações, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). De olho neste potencial, a unidade brasileira da PayPal, serviço de pagamentos pela internet da empresa americana de comércio eletrônico eBay, planeja oferecer neste ano soluções para viabilizar pagamentos pelos aparelhos no Brasil, o que já faz em outros países. “2012 será a hora de construir isso”, disse o presidente Mário Mello.

A PayPal chegou ao Brasil em abril de 2010, depois de notar que cerca de 1 milhão de consumidores do país faziam compras no exterior usando seu serviço de cadastro de dados que proporciona maior segurança nos pagamentos na web. “Esse foi o principal motivo para virmos ao Brasil”, aponta o executivo. Ao incluir seus dados e os do cartão no sistema da PayPal, o cliente não precisa mais digitá-los em cada compra feita na internet, sendo necessário apenas informar e-mail e senha. Hoje, são 3 milhões de compradores on-line que fazem isso. Para o varejista, a empresa oferece serviços que diminuem as chances de fraudes e que permitem transporte de informações. “Temos mais de 30 mil lojas cadastradas”, conta Mello.

Em todo o mundo, a projeção da PayPal para 2012 é de US$ 7 bilhões em compras pelo celular. No ano passado, a cifra havia sido de US$ 4 bilhões, ante uma previsão inicial de US$ 1,5 bilhão e um total de US$ 750 milhões em 2010. A empresa tem mais de 17 milhões de clientes que fazem compras regularmente por celular. “Nos Estados Unidos temos um alcance muito grande no pagamento por celular, mas no Brasil ainda é pequena.”

Este será o grande desafio da empresa. Pesquisa realizada pela Acision, consultoria em telefonia móvel, revela que apenas 4% dos entrevistados brasileiros já fizeram pagamentos pelo celular. A boa notícia é que 46% deles consideram positivo uso do aparelho como cartão.

Guilherme Mazzola, gerente de marketing da Locaweb, afirma que o mobile é uma tendência no mercado e que o assunto está na agenda da empresa que fechou o ano passado com R$ 149,7 milhões de receita líquida. “É uma tendência, mas não é algo que seja nossa prioridade agora”, afirma o executivo. No entanto, quando analisado o serviço de gateway — que consiste em processar pagamentos on-line e facilitar transações financeiras entre as partes envolvidas (loja e credenciadora), sem que o varejista precise de servidores e certificados digitais —, Mazzola diz que enxerga o crescimento do mobile junto com parcerias com as credenciadoras. “O que elas tiverem se movimentando no sentido de pagamento por celular, vamos tentar aproveitar”, diz o gerente da Locaweb.

Essas empresas tentam pegar carona nas iniciativas de outras companhias atentas à tendência. Como exemplo, em setembro de 2010, a Cielo, o Banco do Brasil e a Oi se uniram para operar um sistema em grande escala no país. No ano passado, a Caixa Econômica Federal lançou projeto piloto de pagamento de compras por celular, que começou por Fortaleza, com mil moradores do Conjunto Palmeira, com estimativa de até junho cada cliente realize em torno de 30 transações por meio de aparelhos móveis.


Ambiente de maior concorrência força empresas a firmar mais parcerias e lançar novos serviços

A concorrência entre empresas que prestam serviços de pagamento on-line no Brasil tem crescido. Isso porque a Cielo comprou a Braspag em maio do ano passado e, em dezembro, a Visa trouxe para o país um novo competidor, a CyberSource. “Com o crescimento do e-commerce brasileiro a uma taxa de 30% anuais, atingindo em 2011 quase R$ 20 bilhões em vendas no país, surge uma maior demanda por prevenção às fraudes”, afirma Fernando Marques de Souza, diretor-geral da CyberSource Brasil. E as empresas têm de lançar mão de estratégias para poder fazer frente a um mercado mais competitivo. A Braspag, por exemplo, aposta na captação das mais diversas bandeiras de cartões. A empresa conta atualmente com nove marcas, sendo elas Visa, Mastercard, Amex, Diners, Hipercard, Aura, Elo, além de Banes e Card, de Sergipe, e Credishop, do Piauí e Maranhão.

A Locaweb, por sua vez, quer ampliar a oferta de serviços aos 4 mil clientes do serviço de gateways. “Queremos incrementar o serviço com relatórios e controle das transações de pagamento", diz o gerente de marketing Guilherme Mazolla.

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