21 de fev. de 2012

DISPARADA DA AÇÃO DA REDECARD SINALIZA APOSTA EM NEGOCIAÇÃO DE PREÇO


jornal Valor Econômico 09/02/2012 - Natalia Viri

Após a alta de 10,5% verificada na terça-feira, com o anúncio de que o Itaú Unibanco fará uma oferta para fechar o capital da Redecard, as ações da credenciadora de cartões de débito e crédito seguiram em alta no pregão de ontem e superaram com alguma folga os R$ 35 propostos pelo controlador para a aquisição dos papéis.

Enquanto o Ibovespa encerrou o dia praticamente estável, em alta de 0,16%, as ações da Redecard subiram 2,8%, para R$ 36,40, o que reforça a percepção de parte do mercado que acredita que o Itaú pode ter que elevar marginalmente a oferta para fechar a operação com os acionistas minoritários.

De acordo com o gestor de um fundo com grande posição em papéis da Redecard, o cenário mais provável é que não haja oposição dos acionistas em relação ao fechamento de capital, mas o preço provavelmente terá de ser negociado.

"Não tenho dúvida de que vai haver manifestações", ressaltou. Em outras ofertas recentes de fechamento de capital, como de Dixie Toga, UOL e Confab, os investidores pressionaram e conseguiram um acordo com os controladores para a elevação do preço.

No entanto, o executivo afirmou que ainda não teve notícias de nenhum movimento mais organizado por parte dos minoritários para contestar o preço.

A maioria dos analistas de mercado considerou justo o valor oferecido pelo Itaú e recomendou aos investidores adesão à oferta.

"O preço ofertado é justo, em linha com o valor atual da empresa. Por isso, não recomendamos entrar no papel no atual nível de preço", afirmou a analista Priscila Andrade, da Planner Corretora, em relatório.

Na avaliação do Deutsche Bank, a valorização de mais de 70% das ações da Redecard nos últimos 12 meses indica que não há muito espaço para altas adicionais - o preço-alvo projetado pelo banco para os próximos 12 meses é de R$ 33 por ação.

No entanto, os analistas Mario Pierry, Tito Labarta e Marcelo Cintra assinalam que alguns investidores podem se incomodar com o fato de que, na abertura de capital, em 2007, o valor de R$ 27 embutia uma relação de preço e lucro de 30 vezes, e agora as ações da Redecard estão negociadas à metade desse múltiplo, em apenas 15 vezes.

A Fator Corretora também recomenda a adesão à oferta, mas ressalta que poderá haver manifestações dos acionistas em relação ao preço, dado o baixo potencial de alta embutido na operação - ganho de 9,2% em relação à cotação de segunda-feira, dia anterior à proposta.

Já o HSBC foi mais enfático. "Acreditamos que o acordo será concluído, mas a um preço maior", escreveu o analista Paulo Ribeiro, em relatório. O preço-alvo estimado pelo banco para os próximos meses é de R$ 39 por ação.

O valor não inclui os possíveis ganhos de um acordo entre Hipercard, bandeira de cartões 100% controlada pelo Itaú, e a Redecard. Essa associação seria um dos pontos cruciais para a decisão do fechamento de capital, segundo as declarações recentes do presidente do Itaú, Roberto Setubal, já que, com a Redecard listada em bolsa, poderia haver conflito de interesses, o que dá menos agilidade às decisões.

Na avaliação de Ribeiro, do HSBC, com o acordo entre Hipercard e Redecard, a credenciadora passaria a receber uma taxa de desconto sobre o valor das compras processadas e não apenas um pequeno valor fixo sobre cada operação.

Com isso, o preço-alvo da ação em 12 meses passaria a R$ 41, o que abre um espaço para negociação do valor oferecido pelo Itaú no fechamento de capital.

Em teleconferência com analistas realizada ontem, quando questionado sobre qual a estratégia do banco caso não consiga adquirir ao menos dois terços das quais ações em circulação no mercado - o que cancelaria a operação de fechamento de capital -, Setubal disse que acredita no sucesso e na ampla adesão por parte dos atuais acionistas.

"Estamos pagando um preço justo, equilibrado", afirmou o executivo, ressaltando que esse valor não considera o dividendo de R$ 1,10 por ação a ser pago entre o fim de março e o começo de abril.

Respondendo a um dos principais questionamentos do mercado, Setubal frisou que o principal motivo para o fechamento de capital da subsidiária é dar mais flexibilidade à oferta de produtos bancários, tanto do Itaú quanto da Redecard.

O presidente do Itaú minimizou ainda as preocupações com uma eventual perda em parcerias com outros bancos no credenciamento de cartões. Segundo Setubal, a Redecard vai continuar a ter algum grau de independência, suficiente para manter volumes importantes com todos os parceiros. (Colaborou Filipe Pacheco)

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