jornal Valor Econômico 14/02/2012 – Aline Lima
Por trás da proposta do Itaú de fechar o capital da Redecard
existiria o interesse do banco em deslanchar seus cartões Hipercard, projeto
que até então andava a passos lentos, enquanto Banco do Brasil, Bradesco e
Caixa Econômica Federal aceleram a emissão dos cartões Elo - bandeira nacional
concorrente também voltada para clientes de baixa renda. De quebra, o Itaú
colocaria para dentro de casa um ganho de escala sem precisar, aparentemente,
dividir a receita futura com os acionistas minoritários da Redecard. Procurado,
o Itaú informou que seu objetivo é fortalecer a posição da instituição no
mercado de pagamentos e gerar maior flexibilidade e agilidade para as duas
empresas.
Para aumentar o volume de transações com o cartão Hipercard
é necessário ampliar sua base de aceitação. A Redecard, que conta um parque de 1,066
milhão de maquininhas (POS) espalhadas pelo país, seria o veículo ideal. O
Hipercard tem cerca de 500 mil estabelecimentos credenciados concentrados no
Nordeste. A marca Hipercard acumula as funções de emissor (Banco Hipercard),
bandeira e tem sua própria rede de adquirência.
Hoje, a Redecard faz somente o transporte de dados dos
cartões Hipercard e apenas para metade da base de cartões da bandeira, de
aproximadamente 15 milhões de unidades. Por esse serviço, cobra uma tarifa fixa
baixa, que independe do volume transacionado. Se quiser ganhar um percentual
sobre o montante de pagamentos feitos com o Hipercard e faturar mais, a
Redecard teria de fazer o trabalho "completo" de adquirência - que
envolve autorizar e liquidar a transação.
O analista do HSBC Paulo Ribeiro calcula que o volume
potencial a ser acrescentado à Redecard pelos cartões Hipercard seria de R$ 18
bilhões em 2012 - equivalente a 10% do montante transações com cartões de
crédito que ele estima para a Redecard em 2012. Em relatório, Ribeiro ressalta
que o valor a ser agregado pela operação da Hipercard aumentaria em R$ 2 o
preço-alvo de R$ 39 que projeta para a ação da Redecard.
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