jornal O Estado de S.Paulo 12/09/2011 – Wanise Ferreira
Com uma forte presença na vida das pessoas, a telefonia móvel passou a ser encarada como um novo canal para o relacionamento das empresas e instituições com seus clientes. Em muitos casos, inclusive, apresentando um desempenho próximo ao dos canais tradicionais. Mas esse caminho não foi fácil e muitas resistências precisaram ser derrubadas. Exemplos de duas áreas bem diferentes, financeira e de saúde, mostram o caminho que os celulares precisaram percorrer para passarem de estranhos no ninho a aliados.
Há 24 meses, a Visa trabalha no desenvolvimento de seu canal de mobilidade. "Para isso, queremos adotar o conceito do dinheiro móvel", comentou Percival Jatobá, diretor de produtos sênior. Recentemente, a empresa anunciou a aquisição da Fundamo, líder em plataformas de serviços financeiros' móveis, e um acordo comercial com a Monitise, desenvolvedora de soluções. E levou adiante uma série de parcerias e consórcios com outros bancos, operadoras e até rivais em vários países.
A administradora de cartões leva em consideração características regionais para desenvolver novos produtos móveis. No Brasil, o executivo acredita que o potencial do mercado é amplo, comportando soluções das mais sofisticadas às mais simples. "Para uma nova geração de pagamentos, há uma nova geração de pagadores", reforçou.
Uma tecnologia considerada com poder de transformar esse mercado é a Near Field Communication (NFC), que permite a transação pela proximidade do celular aos equipamentos de recepção. Vários fabricantes de terminais estão prometendo aparelhos com esse sistema embarcado. O SMS pode também ser uma ferramenta adequada para alguns tipos de micropagamentos para prestadores de serviços autônomos.
Os bancos, de seu lado, não fizeram muita questão de apressar o caminho da carteira móvel. Entre os motivos, estava a espera pela definição de padrões para essa área. Mas nos bastidores também havia uma longa, e ainda inacabada, discussão com as operadoras sobre modelos de negócios. Traduzindo: quem ficaria com o que na divisão de receitas. "Os bancos imaginaram que podiam ser as operadoras e as operadoras que seriam os bancos", brincou Jatobá.
Saúde. Apesar de atuarem em uma área muito mais sensível, ou talvez justamente por isso, médicos, hospitais, laboratórios e convênios parecem mais dispostos a construir um ecossistema para aplicações móveis. "A média de vida dos brasileiros tem aumentado e o custo da saúde também. À medida que essa equação se complica, crescem iniciativas de prevenção e não de reação a doenças", observou Maurício Romão, diretor de Serviços Verticais da Vivo.
Ele cita um exemplo da Espanha, onde a Telefônica implantou soluções domiciliares que a permitem o envio de dados, como medição de pressão arterial e de taxa de diabetes, para uma central que analisa os resultados. E já se estuda usar uma combinação de sensores, aplicativos e celulares para garantir a determinados pacientes realizar a fisioterapia em casa.
"Isso pode poupar consultas, internações, e garantir mais qualidade de vida para o paciente", enfatizou. Para Romão, a chegada dos tablets deverá ampliar o número de hospitais que utilizam a mobilidade.
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