jornal Diário do Grande ABC 11/09/2011 - Vinicius Gorczeski
A nova classe média, que no Grande ABC tem renda mensal de R$ 1.203,84, segundo o Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano, está na mira dos fabricantes de móveis. Essas famílias gastam cerca de 20% do valor total do imóvel para equipar o lar com mobílias novas. Assim, apartamentos que custam R$ 100 mil demandam, em média, investimentos de R$ 20 mil para esse fim. Os dados são da Credipar, empresa fornecedora de crédito, cujo alvo é a nova classe média.
A tendência é que esse mercado siga aquecido, já que a venda de imóveis segue em ritmo acelerado. No primeiro semestre, houve alta de 6,15% no número de unidades vendidas na região em comparação com os primeiros seis meses do ano passado, conforme dados da Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC.
Com mais crédito no mercado, os hábitos de consumo também mudaram. "Antes, quando uma máquina de lavar quebrava ia para o conserto. Hoje é possível comprar nova em 18 vezes, o que era inimaginável há dez anos", diz o gerente de marketing e produtos da Credipar, David Ascher.
Além disso, antes, a classe média trazia sua bagagem para a nova moradia. Hoje, fazem projetos planejados com base na metragem do imóvel. As compras, na maioria das vezes, são em prestações, que giram entre 12 e 36 meses, em média.
O fato é que a demanda alta gerou bons resultados para o setor de móveis. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que a produção industrial para o segmento teve elevação de 24,5% em junho sobre junho do ano passado. Já na linha branca, como os refrigeradores, a alta foi de 0,8%. Isso ocorre porque os moradores tendem a levar para a casa nova os eletrodomésticos que já possuem.
Para um dos diretores do Sindicato da Indústria de Móveis de São Bernardo e Região, Mário Strufaldi, o bom momento do setor é resultado também de política habitacional do governo, como o Minha Casa Minha Vida, que prevê financiamento e subsídio para a compra de imóveis populares.
AOS POUCOS
Como ainda sai caro, na ponta do lápis, fazer todos os móveis ao mesmo tempo, a dica é planejar um cômodo de cada vez. A instrumentadora cirúrgica Rosimeire da Silva Garcia, 45 anos, está apostando nessa estratégia para realizar o sonho de ter a casa inteira com móveis novos. Primeiro, ela investiu cerca de R$ 8.500 para fazer a cozinha com móveis metálicos, como queria. Ela mora no imóvel, que tem 50 m² e fica em Santo André, há um ano e agora planeja a compra da lavanderia.
Mesmo com as medidas de restrição ao crédito, adotadas no fim do ano pelo governo para driblar a crise financeira internacional, o setor está em expansão. A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança estima que o financiamento de móveis vai alcançar cerca de R$ 45 bilhões em todo o País. A nova classe C responderá por R$ 20 bilhões desse montante. Também é expressivo o financiamento de imóveis, que atingirá R$ 85 bilhões neste ano. Há cinco anos, era de R$ 20,3 bilhões.
Benefício fiscal vai estimular a competitividade
Um dos maiores problemas das empresas que atuam no Brasil é a elevada carga tributária, especialmente no que diz respeita à folha de pagamento. Neste sentido, o setor de móveis ganhou importante benefício fiscal. No início de agosto, o governo federal anunciou a desoneração da folha de pagamento para quatro setores da economia: móveis, calçados, confecções e vestuário e informática. O objetivo é tornar a indústria nacional mais competitiva e driblar a crise financeira mundial.
Com pelo menos 240 mil empregos diretos em todo o País, o segmento comemorou a medida governamental. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário, José Luiz Diaz Fernandez, avaliou, à época do anúncio, como positiva a desoneração da folha. "Somos intensivos em mão de obra e, de forma geral, as medidas são muito boas para nosso setor", disse. O segmento conta com aproximadamente 17 mil empresas. Dessas, perto de 80% são micro e pequenas.
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