jornal Valor Econômico 06/09/2011 - Aline Lima
Pode parecer um contrassenso. Mas, para preservar suas receitas com a antecipação de recebíveis a lojistas em meio a um cenário de maior concorrência com os bancos, Cielo e Redecard estão aumentando a margem financeira dessas operações. "Nosso objetivo é crescer receita", afirma Rômulo de Mello Dias, presidente da Cielo.
Mesmo com o recuo do volume de pré-pagamento em relação ao total de transações com cartões de crédito capturado no segundo trimestre ante o primeiro (de 0,1 ponto percentual), a receita subiu de R$ 117 milhões para R$ 136 milhões, nesse período, alta de 13,9%.
Os analistas Henrique Caldeira e Roberto Attuch, do Barclays, ponderam, em relatório, que, apesar do crescimento expressivo da receita com pré-pagamento, as despesas financeiras da Cielo (de R$ 25,4 milhões no segundo trimestre) reduzem esses ganhos. O presidente da Cielo diz que o custo de captação da empresa não aumentou. "No fim de março utilizamos o caixa para pagamento de dividendos da ordem de R$ 840 milhões", justifica Dias.
Na Redecard, o resultado de pré-pagamento, líquido de despesas financeiras, foi de R$ 162,5 milhões no segundo trimestre, 11,9% superior ao resultado do primeiro trimestre.
"O que está por trás desses resultados é a expansão de spread nas operações de pré-pagamento", explica Paulo Ribeiro, analista do HSBC. Pelos seus cálculos, o spread médio na Cielo passou de 1,71% no primeiro trimestre para 2,05% no segundo trimestre. Na Redecard, o spread médio passou de 0,9% no primeiro trimestre para 1,34% no segundo trimestre.
A margem de desconto mais baixa praticada pela Redecard, segundo Ribeiro, se deve provavelmente ao mix de empresas com as quais a credenciadora atua, boa parte delas de grande porte - alvo preferencial dos bancos para a oferta de empréstimos lastreados em descontos de recebíveis. A Cielo, por sua vez, conta com mais capilaridade entre pequenos e médios comerciantes. "Antecipações de valores inferiores a R$ 2 mil representam 85% do volume da Cielo", diz Ribeiro. "Esse é um cliente que, para o banco, interessa menos dar empréstimo", observa ele. Já para a credenciadora, trata-se de uma operação simples, rápida e praticamente sem risco.
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