FUTURO DO VAREJO NA MOBILIDADE

portal Decision Report 06/09/2011 - Bruno do Amaral

Enquanto muito se discute sobre o comércio eletrônico e sua expansão no Brasil, outra vertente dessa plataforma de varejo vai, aos poucos, virando tendência mundial: a utilização de soluções móveis. Seja em mobile payment, seja em versões portáteis de lojas, há um imenso gap para o chamado “m-commerce” ainda a ser explorado pelas empresas, aproveitando o grande aumento do tempo de permanência online dos usuários.

Mas o setor ainda enfrenta muitos desafios para a implementação plena desse tipo de e-commerce. A desconfiança dos consumidores está interligada à questão da segurança nos aparelhos, bem como uma compreensão maior das redes varejistas sobre a importância das plataformas móveis. Ao menos foi o que apontou o Digitailing, Fórum Internacional de Varejo Digital, evento organizado por GS&MD – Gouvêa de Souza e Ebeltoft Group ocorrido em São Paulo na semana passada.

Durante o evento foi apresentada a pesquisa Neoconsumidor 2011, realizada em 15 países para decifrar o consumidor digital, que abordou também esse universo móvel. Segundo o estudo, 49% dos entrevistados afirmaram utilizar o celular para acessar a web, contra 30% na edição de 2009. O problema é a confiança na plataforma, já que apenas 9% deles disseram achar que o aparelho é seguro para a troca de informações. O número é baixo, mas já cresceu em dois anos, quando somente 6% diziam confiar na telefonia móvel para isso. "Isso denota certo desconhecimento das pessoas", acredita Luiz Goes, sócio Sênior da GS&MD - Gouvêa de Souza.

Mesmo em mercados já mais desenvolvidos, como nos Estados Unidos, o sistema ainda engatinha. Segundo Rand Bailin, VP de Novos Negócios da rede varejista norte-americana Best Buy, há questões pendentes, como a cobertura da operadora de telefonia, a velocidade de conexão, o preço cobrado pelos dados e os termos e condições de uso. "Faça com que os consumidores saibam que haverá pessoas para solucionar problemas", recomenda, falando sobre a carência no suporte ao cliente.

Pagar utilizando o próprio celular pode ser outra questão vital em uma experiência mobile. O determinante é apostar em novidades que tragam maior comodidade às pessoas na hora de fazer as transações. Uma alternativa é a de utilização do smartphone não para as compras em si, mas como uma espécie de token para efetuar os pagamentos com maior segurança, como na plataforma apresentada por Cicero Torteli, presidente da Freeddom, companhia que investe no modelo.

Para o executivo, o sistema NFC (sigla em inglês para a tecnologia de "Comunicação por aproximação de campo") é mais adequado para pagamentos rápidos, como em catracas de estádios de futebol ou em transportes urbanos. A solução dele, por outro lado, permite ajudar no comércio eletrônico sem a necessidade de aparelhos muito avançados. "O varejo é quem usa mais formas de novos pagamentos e tem que mostrar interesse", diz Torteli. Ele também define como se pode trilhar o futuro da utilização da mobilidade, com o consumidor sempre no foco. "Sem olhar o usuário, não dá para saber como vai acontecer. Para o cliente, o sistema tem que simplesmente ser bom", finaliza.