jornal DCI 05/09/2011 - Isabella Holanda
Na disputa pelo consumidor da classe C da Região Nordeste, economia cuja renda média cresce acima da do restante do País, a Casas Bahia, líder nacional do comércio varejista de eletroeletrônicos, decidiu arregaçar mangas e entrar sozinha nos Estados do Ceará e de Pernambuco, territórios dominados por grandes players, como Magazine Luiza e Máquina de Vendas.
Nesses locais, além de concorrer de maneira desigual com a forte capilaridade das Lojas Insinuante, líder do varejo de eletrodomésticos no Nordeste, fundida ao Grupo Máquina de Vendas, e com o Magazine Luiza, recém-turbinado pelas Lojas Maia, a empresa encontrará pela frente a força das redes regionais, caso do grupo cearense Rabelo, que mantém 50 lojas em estados como Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambuco, Bahia e Paraíba. No Ceará, segundo interlocutores locais, a projeção é a de abrir duas lojas Casas Bahia na cidade de Fortaleza (CE) e outras unidades no Estado de Pernambuco. O processo de recrutamento de vendedores na capital cearense já começou, informa o Sistema Nacional do Emprego (Sine) no estado.
"Organicamente, ponto a ponto, a rede projeta expandir seu crescimento na Região Nordeste", antecipa a empresa, por meio de sua assessoria de imprensa.
Uma das maiores dificuldades enfrentadas para abraçar de vez a região, segundo informou a assessoria, diz respeito a problemas relacionados à distribuição. Em 2009, por exemplo, foi preciso alugar um Centro de Distribuição, operação que foi transferida para a cidade de Camaçari, na Bahia, estado que concentra 29, das 30 filiais da empresa existentes no Nordeste.
Só depois dessa operação ocorreu a abertura da primeira filial Casas Bahia fora desse estado, no vizinho, Sergipe. Ainda este mês, a rede inaugurou mais uma unidade no município baiano de Itabuna e já mantém lojas em municípios de pequeno e médio porte, como Feira de Santana, Camaçari, Lauro de Freitas, Candeias, Simões Filho, Alagoinhas, Cajazeiras, Santo Antonio de Jesus, Vitória da Conquista, Jequié e Itabuna
"Acredito que essa operação terá abrangência nacional. Mas não podemos esquecer que a Casas Bahia, que hoje integra a holding Globex [fusão da empresa com as bandeiras Extra Eletron e Ponto Frio] precisa vencer questões que dizem respeito ao processo de fusão. Por isso acho que a estratégia de crescer de maneira sustentada consiste em fincar as bandeiras, sentir o mercado primeiro, para só depois, uma vez analisadas todas as variáveis, expandir o negócio para locais onde estão as maiores oportunidades", analisa o especialista em varejo Cláudio Felisoni, do Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar-FIA).
No âmbito nacional, a empresa mantém 534 lojas espalhadas em 11 estados e emprega mais de 56 mil colaboradores.
Magazine Luiza
Na corrida pelo mercado nordestino, outro nome de expressão nacional, o Magazine Luiza, comemora crescimento de 63% de receita bruta obtida no primeiro trimestre de 2011 na região, o equivalente a R$ 237,4 milhões , com margem Ebitda de 5,5% (R$ 490 milhões), depois de adquirir a Lojas Maia em julho de 2010, e agora prospecta nova aquisições, possivelmente no norte do País.
"A entrada na Região Norte ainda não tem previsão, mas estamos sempre atentos à possibilidade de adquirir novas redes", antecipou o superintendente do grupo, Marcelo Silva. No primeiro semestre de 2011 a receita bruta do Magazine Luiza avançou 44,5%, em relação à do mesmo período de 2010, totalizando R$ 3.440,4 milhões, e a receita líquida subiu 43,4%, totalizando R$ 2,8 milhões.
Feita a fusão, o grupo, nascido no interior paulista e hoje presente em 16 estados brasileiros, optou por preservar ambas as bandeiras na fachada de suas lojas nordestinas, originando o "Magazine Luiza - Lojas Maia".
Máquina de Vendas
Foi também com a participação do nordeste brasileiro que surgiu a segunda maior rede varejista de eletroeletrônicos do País, a Máquina de Vendas, holding formada pela fusão de Insinuante, Ricardo Eletro, City Lar e EletroShopping que tem metas de alcançar mil lojas e faturamento de R$ 10 bilhões até 2014 em todo o território nacional.
Mesmo depois da fusão, a segunda maior potência do varejo brasileiro, decidiu preservar todas as bandeiras originais ( Insinuante, Ricardo Eletron, City Lar e Eletroshopping).
Com sede em Recife, a megaoperação abrange todos os estados da Federação menos a região Sul, com lojas presentes em 301 cidades, de 23 estados, mais o Distrito Federal. Em situação bastante confortável, a holding mantém a mesma avidez nos negócios depois de fudir-se com a marca EletroShopping, de Recife, e busca, agora, consolidar-se na região.
A justificativa, de acordo com a rede, é adotar o sistema de operações complementares, caso da Insinuante e daEletro Shopping, uma vez que são poucas as cidades da Região Nordeste que têm lojas das duas bandeiras. "Vamos preservar a essência dos negócios, ou seja, as marcas e o conhecimento de cada sócio nas diversas regiões em que atuamos. Por isso as equipes serão mantidas", explica o empresário Ricardo Nunes, CEO da holding.
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