portal iG 08/09/2011 - Bruna Bessi
Uma nova moeda social chegará em breve ao País: o CDD. A partir do próximo dia 15, mais de 50 comerciantes da Cidade de Deus, conjunto habitacional da zona oeste da capital do Rio de Janeiro, aceitarão pagamentos com a nova moeda. Criado para impulsionar a economia local e aumentar o número de empreendedores, o Banco Comunitário da Cidade de Deus recebeu investimentos de R$ 210 mil para estruturar o CDD e oferecer empréstimos de até R$ 5 mil aos comerciantes locais.
Organizado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico Solidário (Sedes) do Rio de Janeiro, o banco social recebeu auxílio de vários parceiros. Um deles foi o Instituto Palmas - responsável pela criação, no Ceará, do primeiro banco social do País - que ofereceu palestras e consultorias aos comerciantes cariocas. “Em 2009, conheci a iniciativa cearense e vi que os recursos da comunidade tinham boa circulação interna. Além disso, a moeda social gerava empregos e oportunidades para aqueles que desejavam empreender. Por isso, acreditei na ideia”, diz Marcelo Henrique da Costa, secretário da Sedes.
Outro parceiro do programa foi a Caixa Econômica Federal, que forneceu toda a tecnologia bancária necessária e montará a sede do banco. Já os investimentos iniciais foram obtidos por meio do BNDES - que financiou R$ 60 mil – e do Ministério do Trabalho que contribuiu com mais R$ 150 mil. A criação do banco social na Cidade de Deus foi uma das metas do Projeto Rio Ecosol – organizado pela prefeitura e voltado à economia solidária – que oferece ajuda para comunidades como Santa Marta e os Complexos do Alemão e de Manguinhos.
O banco social também oferecerá aos moradores empréstimos de R$ 150 com juros de 1,5% ao mês (destinado aos beneficiários do Programa Bolsa Família) até R$ 5 mil, com juros de 3% ao mês (para os empreendedores). A nova moeda será emitida com os valores de CDD 0,50, CDD 1, CDD 2, CDD 5 e CDD 10, sendo estampada por figuras influentes na comunidade.
“As personalidades das notas tiveram importância em nossas vidas. Escolhemos o padre Júlio, a mãe de santo Dona Benta, o pastor evangélico João Batista e a líder comunitária Dona Geralda”, afirma Ana Lúcia Pereira Serafim, administradora do Projeto Rio Ecosol.
Para conseguir o CDD ou trocá-lo por real o interessado deverá ir até a sede do banco – que ficará pronta na próxima terça feira. O uso da nova moeda é restrito ao comércio da Cidade de Deus, nas lojas que aderiram ao programa. “Qualquer pessoa pode usar o CDD dentro da comunidade, não é algo exclusivo para os moradores daqui. A adesão é importante para que a moeda circule e beneficie o consumo interno”, diz o secretário. A entrada da nova moeda não precisará ser regulamentada pelo Banco Central. Mas, o BC deverá acompanhar o funcionamento do Banco Comunitário, diz a assessoria de imprensa do órgão.
Grandes expectativas
Ainda fora de circulação, o CDD já criou expectativas para o comércio local quando o assunto é aumento de vendas. Hoje, mais de 50 comerciantes aderiram à nova moeda e muitos planejam oferecer descontos de, no mínimo, 5% para atrair mais clientes.
“Logo que soube da novidade achei interessante. Tenho um salão de cabeleireiro há 18 anos e vejo nesta moeda uma oportunidade. Minha ideia é dar 10% de desconto aos clientes”, afirma Aritimea Belarmina da Paz, cabeleireira. “Além disso, para incentivar o uso e fazer o CDD circular não pretendo trocá-lo por real e sim fazer compras dentro da própria comunidade”, diz.
Outro comerciante animado com a nova moeda é Sérgio Luiz Ribas de Araújo. Proprietário há oito anos de uma revenda de sorvetes, ele aderiu ao CDD e também acredita no potencial da moeda para aquecer o mercado interno.
“A comunidade ganhará muito e o comércio também, já que as pessoas farão suas compras nos lugares que aceitarem a novidade e oferecerem descontos”, afirma.
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