jornal Brasil Econômico 13/09/2011
Os dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de janeiro a julho deste ano não deixam dúvidas: as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) estão assegurando um lugar de destaque nas concessões da instituição de fomento. Seja porque o governo tem observado de perto a importância de estimular esse universo de mais de 3 milhões de empresas responsáveis por cerca de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) e por mais de 50% da força de trabalho no país ou porque o setor financeiro tem despertado cada vez mais para o forte potencial de contribuição que esse segmento econômico pode dar à sua estratégia de crescimento, o fato é que as concessões destinadas às empresas de menor porte impediram uma queda maior nos desembolsos do banco no período.
De janeiro a julho, o BNDES desembolsou um total de R$ 69,4 bilhões, retração de 5% comparativamente a igual período de 2010, puxada, em especial, pelas empresas de maior porte. O volume total de concessões para as companhias menores e empreendedores, no entanto, saltou 7,34%, para R$ 27,56 bilhões, sendo que para micros e pequenas a evolução foi maior ainda, de 19,02%, alcançando R$ 15,34 bilhões em julho. Cláudio Bernardo Guimarães de Moraes, superintendente da área de operações indiretas do BNDES, estima que ao final do ano as MPMEs devem responder por entre 38%e 40%do total dos desembolsos da instituição, que deve se manter estável em relação ao montante de 2010.
A fatia das MPMES, no entanto, tem avançado consideravelmente nas concessões da instituição. Em 2001, mal ultrapassava os 20%, uma média histórica que o BNDES manteve até 2009 e que foi alterada em decorrência dos efeitos da crise financeira mundial sobre o mercado de crédito brasileiro, principalmente, para amenizar a escassez de oferta de recursos dos agentes privados para as empresas de menor porte. No ano passado, elas absorveram 32% dos desembolsos do banco e, no primeiro semestre deste ano, 42%, passando a deter em torno de 40% no acumulado até julho.
Conforme Moraes, a expansão é resultado do aquecimento de setores como o de serviços e comércio, mas também é decorrente do sucesso do Cartão BNDES, que tem crescido a índices superiores a 80% ao ano. O produto foi criado em 2003 para aproximar o banco das pequenas empresas, pulverizar os recursos disponíveis do banco e hoje já contabiliza cerca de 30 mil cartões com 98% das transações realizadas por micro e pequenas empresas, diz. “Antes o BNDES atingia cerca de 20 mil empresas e com o Cartão BNDES esse número saltou para 150mil”, afirma Moraes, acrescentando que o saldo de concessões deverá atingir R$ 7,5 bilhões ao final de 2011, ante os R$ 4,2 bilhões concedidos por meio do cartão no ano passado. No primeiro semestre, os desembolsos totalizaram R$ 3 bilhões, 73% maior em relação à igual período de 2010. “A contribuição do cartão BNDES foi de aproximadamente 50% dos recursos alocados pelo banco para as micro e pequenas empresas do setor da indústria da transformação”, exemplifica Moraes.
O BNDES trabalha com várias linhas direcionadas para o universo de empresas de menor porte e, em agosto último, ampliou o orçamento destinado ao Progeren (voltado ao crédito para capital de giro) de R$ 3,4 bilhões para R$ 10,4 bilhões este ano, com taxas de juros que variam de 10% a 13% ao ano. O prazo dessa linha também foi ampliado de 24 meses para 36 meses, com um ano de carência. “Com a desaceleração da economia, o governo visa com essas decisões fortalecer o investimento produtivo. Para as empresas continuarem a investir, têm de ter capital de giro”, diz o executivo do banco. Somente em agosto, afirma, o BNDES aprovou mais de R$ 500 milhões em concessões no âmbito do Progeren. “O sistema é desburocratizado e a aprovação é feita em até 48 horas.”
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