23 de mai. de 2011

FORNECEDORES SE ARMAM PARA O RG DIGITAL

jornal Brasil Econômico 23/05/2011 - Fabiana Parajara e Carolina Pereira

No mês que vem, 100 mil pessoas no Rio de Janeiro, em Brasília e em Salvador vão trocar as tradicionais carteiras de identidade por um modelo digital. O novo Registro Único de Identidade Civil (RIC) vem com um chip capaz de armazenar os mais diversos tipos de dados, do título de eleitor a um certificado eletrônico que permitirá, no futuro, que as pessoas votem on-line ou não precisem ir a um cartório para reconhecer firma. O novo documento promete também impulsionar as vendas de fabricantes de chips, como Gemalto, Intelcav, GD e Sagen Orga, e de fornecedores de leitores biométricos e outros sistemas de hardware e software que compõem o sistema de dados do RG digital.

A estimativa do mercado é que, até 2020, 160 milhões de brasileiros portemos novos documentos de identidade. A Gemalto, fabricante francesa de chips, que faturou globalmente € 1,9 bilhão no ano passado, trabalha com a perspectiva de estar presente em 40% das cédulas digitais. Tradicional fornecedora de chips para telefonia celular e cartões bancários, a empresa anunciou, em 2009, um investimento de R$ 10 milhões na ampliação da fábrica que mantém em São José dos Pinhais, no Paraná.

Andamento

Hoje, a unidade têm capacidade para produzir de 8 milhões a 10 milhões de chips de identificação por ano. No entanto, a maior parte da linha ainda produz apenas chips para uso bancário e de telefonia, que são os principais mercados da área. Antes, todos os chips de identificação da marca eram produzidos apenas na fábrica da Gemalto na Finlândia.

“A expectativa é de um retorno a médio prazo, visto que teremos como atender o mercado interno e também exportar os chips”, diz Amador Barros, diretor de produtos para governo da companhia. “Pelo tamanho do projeto, que é o maior do mundo hoje, sabíamos que não haveria um retorno rápido”. Para o executivo da Gemalto, um ótimo começo seria fornecer até 600 mil chips por mês para os estados, que serão os responsáveis por cadastrar e distribuir os novos documentos.

Com apenas dez anos de mercado, a brasileira Intelcav também ampliou sua capacidade de produção para conseguir enfrentar a concorrência dos grandes grupos pelos contratos de fornecimento das cédulas com chip. De acordo com o presidente da companhia, Fernando Castejón, houve investimentos em maquinário, tecnologia, treinamento de funcionários e testes, mas ele não revela qualquer número sobre a empresa. “Estamos preparados para atender o mercado interno e também para exportar para parte da América Latina. O mais interessante nesse projeto é o Brasil começar a ser visto como fornecedor de tecnologia, a exemplo do que já ocorre na área bancária”, diz Castejón. “É um projeto enorme, para 190 milhões de pessoas, e presume um investimento de longo prazo por parte de governos e empresas”.

Hardware

A suíça Covadis afirma que é a fornecedora escolhida pelo governo para prover os leitores biométricos do projeto piloto do RIC, já que a veracidade dos dados da cédula pode ser comprovada pela leitura das digitais do portador. O Auriga, até o momento, é o único equipamento compatível com a nova carteira e também o único a ser utilizado no projeto-piloto que terá início no próximo mês.

Marcelo Correa, presidente mundial da Covadis, não informa o valor do contrato, e afirma que o mais importante agora é testar o produto e a viabilidade do projeto. São 100 máquinas. O governo é o primeiro cliente da empresa do Brasil.

A estimativa, segundo Correa, é investir US$ 10 milhões no mercado local para atender as demandas que serão geradas pelo RIC. O montante inclui a fabricação local do leitor biométrico, por meio de um parceiro, como já acontece na única fábrica da companhia, na Malásia. Com isso, o país deve representar de 15% a 20% da receita em dois anos. Atualmente, os principais mercados da empresa são África e Ásia.

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