16 de mai. de 2011

RV VAI DA RECARGA DE CELULAR AO JOGO ON-LINE

jornal Valor Econômico 16/05/2011 - Cibelle Bouças

A RV Tecnologia, empresa que tem como principal negócio a revenda de créditos para celular, entrou no segmento de venda de créditos para jogos on-line como estratégia de diversificação. A companhia fechou acordo com a Level Up!, que atua na área de jogos, para a venda de cartões pré-pagos e números de identificação pessoal (PINs) para os jogos Grand Chase, Ragnarök e Combat Arms. A expectativa da empresa é atingir 1,5 milhão de usuários de jogos on-line no país em um ano.

O diretor-geral da RV Tecnologia, Valmor Bosi, estima que o mercado brasileiro de créditos para jogos on-line vai faturar entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões até 2014 e uma parcela significativa dessas vendas será de usuários de jogos on-line em smartphones. "A entrada nesse segmento tem por objetivo ampliar a oferta de serviços pré-pagos para celular", afirma Bosi. A RV também negocia com outras empresas de jogos on-line a oferta do serviço.

Bosi diz que a meta da RV Tecnologia é alcançar 20% de participação no mercado de venda de créditos para jogos em até dois anos. Para isso, a empresa fez parceria com 16 mil pontos de venda (como bancas de revistas, supermercados e farmácias) em todo o país para a comercialização desses créditos.

A RV Tecnologia é hoje uma das maiores empresas de venda de recarga para celular. A companhia presta o serviço para as operadoras Claro, Embratel, Nextel, Oi, Telefônica, TIM e Vivo. Com a venda de 11 milhões de recargas de celular por mês, a RV Tecnologia tem 8 milhões de clientes ativos e mantém parceria com 24 mil pontos de venda no país. Os créditos são vendidos com cartões pré-pagos e por meio de máquinas de recarga (POS) instaladas nos pontos de venda.

Bosi afirma que a empresa passou por uma rápida expansão no ano passado. Fundada em 2002, a companhia concentrava suas atividades no Rio de Janeiro e no Nordeste. No ano passado, sua direção decidiu expandir o raio de atuação para as demais regiões e fechou parcerias com novas redes de varejo, ampliando o número de pontos de venda de 9 mil para 24 mil. O faturamento da empresa atingiu R$ 1,1 bilhão, 45% mais que em 2009, com margem Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e a amortização) de 30%.

Para este ano, a companhia estima elevar a receita para R$ 1,6 bilhão, graças ao crescimento do mercado de recargas de celular e à entrada da companhia no segmento de venda de créditos para jogos on-line. "Existe um projeto interno para venda de ingressos e de títulos de capitalização, mas são projetos que devem ficar prontos ano que vem", acrescenta Bosi.

A RV Tecnologia sempre teve uma atuação muito discreta no mercado. Foi criada em 2002 a partir da compra da Meflur Movensis (Memo), que antes era uma subsidiária da Meflur Corporation Espanha, pelo grupo 3P Investimentos. A RV tem 360 funcionários e 18 escritórios. A 3P Investimentos também controla as empresas Nutricash, focada em sistemas de gestão de frotas, a factoring BM Fomento, a BM Distribuidora, que distribui bebidas da Ambev no Oeste da Bahia, e a BM Alimentos, distribuidora dos sorvetes Nestlé e Garoto.

De acordo com Bosi, a empresa começou apenas com a venda de PINs para recarga de celular, mas hoje, 95% das vendas de créditos são via on-line. A empresa instala nos pontos de venda um sistema que permite a realização da recarga do celular com cartões de débito ou crédito. Do valor pago pelo usuário de celular pela compra dos créditos, a maior parte vai para as operadoras; o restante é dividido entre a RV Tecnologia e o ponto de venda, que fica com o menor percentual. O tíquete médio de recarga, segundo Bosi, é de R$ 13.

O diretor da consultoria Teleco, Eduardo Tude, afirma que o mercado de serviços de celular movimentou R$ 65 bilhões no ano passado. Desse total, o mercado de recargas de celulares, que tem à frente empresas terceirizadas, movimentou em torno de R$ 20 bilhões. A RV Tecnologia tem como principal concorrente a GetNet, que comprou a chilena Celcarga, em 2008, mas tem como principal negócio o processamento de transações eletrônicas para bandeiras de cartões de crédito e débito, com receita anual pouco superior a R$ 2 bilhões.

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