portal Convergência Digital 19/05/2011 - Ana Paula Lobo
A partir desta sexta-feira, 20/05, os cheques emitidos no país - média de 90 milhões/mês - serão compensados digitalmente. Expectativa da Federação Nacional dos Bancos - Febraban - é que o uso da tecnologia reduzirá os casos de clonagem e de roubos dos cheques físicos, além de permitir, num prazo de 60 dias, que as compensações ocorram, em nível nacional, num prazo máximo de dois dias.
Hoje, nas regiões mais distantes, esse prazo chega a 20 dias úteis. O novo serviço não terá qualquer custo a mais para o correntista, assegura ainda a entidade. A tecnologia - em teste desde julho de 2010 - não tem um custo de implantação estimado porque cada banco escolheu o modelo a ser adotado - digitalização na própria agência ou num modelo centralizado - e os seus fornecedores.
"Não temos como precisar o custo da adoção da tecnologia. No caso do Banco do Brasil, que é o banco centralizador das compensações, houve ainda uma atualização da rede privada de Telecom com as outras instituições. Mas também não temos como estimar gastos", afirmou o diretor adjunto de serviços, Walter Tadeu de Faria, em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, 19/05, na capital paulista.
Mais do que simplificar o uso do cheque no país - uma vez que reduzirá os riscos de clonagem e de roubos - a Febraban calcula que a tecnologia trará uma economia de R$ 100 milhões/ano para as instituições financeiras com gastos de infraestrutura e logística. Isso porque apenas com a implantação dessa etapa de digitalização já estão sendo eliminadas cerca de 1000 rotas terrestres de transportes de cheques e 50 de aeronaves.
"Isso é um ganho para o país que sofre com infraestrutura precária. O cheque físico, agora, não sai mais da agência onde foi depositado, para ir para o Banco do Brasil. E num prazo de três dias úteis - período da compensação - é destruído. Os riscos de clonagem praticamente vão desaparecer", atesta Walter Tadeu de Faria. A preocupação é justificada. Em 2010, por exemplo, segundo a Febraban, a clonagem e a falsificação dos cheques causou prejuízo de R$ 1,2 bilhão para o comércio e de R$ 283 milhões aos bancos.
A proposta do processo de compensação digital por imagem é permitir que os cheques com valores inferiores a R$ 299,00 sejam compensados em até 2 dias úteis, independente da praça onde ele vier a ser emitido. Os acima desse valor seriam compensados em um dia. Hoje, por exemplo, o modelo utilizado é: o cheque físico é enviado para o Banco do Brasil e pode levar, em regiões mais distantes como a Norte, até 20 dias úteis para ser compensado.
O Brasil que sempre esteve à frente dos países do primeiro mundo no uso de tecnologia, no caso da digitalização dos cheques chega com um pouco de atraso - os EUA, França e Portugal já utilizam o conceito. "Mas temos que pensar que esse é um projeto em estudo na entidade desde 1995 e tivemos problemas com a tecnologia em si. Além disso, temos vários brasis dentro do Brasil. E o modelo, agora, implantado será nacional dentro de 60 dias,apesar das diferenças regionais e da própria infraestrutura de serviços", explica Mario Sergio Vasconcelos.
Indagado se a digitalização dos cheques poderá ser uma maneira de dar uma sobrevida ao meio de pagamento - que cada vez mais é menos usado pelo correntista, que adota cartão de débito e crédito e os meios online, Vasconcelos diz que a medida amplia a concorrência entre os meios de pagamentos.
"Para quem acha que o cheque vai morrer, posso garantir que ele ainda terá muito uso no país. E, agora, é claro ganha mais itens de segurança, mas ele é um meio a mais para o correntista que escolherá o melhor para o seu dia-a-dia", destaca.Para ativar o serviço nesta sexta-feira, 20/05, as instituições financeiras testaram o modelo desde julho de 2010 e de janeiro desse ano para cá, houve vários testes de stress e da contingência.
"Fizemos testes com volumes altos de compensação e podemos garantir que a probabilidade de erros é pequena. Mas é claro que nesses primeiros dias haverá um esquema de plantão no setor financeiro para que tudo funcione adequadamente", assegura o diretor adjunto de serviços da Febraban.
Além de valorizar o cheque como um meio de pagamento, a digitalização de imagem do produto é um teste para que outros documentos - financeiros ou não - adotem a tecnologia. "Se tudo funcionar como esperamos, outras áreas como crédito, empréstimos dos bancos podem também aderir à digitalização. E, principalmente, outros documentos poderão ser digitalizados. É um padrão que pode reduzir a circulação de papel no Brasil", destaca Mario Sergio Vasconcelos.
O meio ambiente também agradece. Segundo dados da Febraban, estima-se que a digitalização dos cheques permitirá uma redução de 15 mil toneladas anuais de emissão de gás carbônico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário