jornal Valor Econômico 24/05/2011- Adriana Cotias
A Unik, administradora de cartões do grupo Rio Bravo, do ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco, se prepara para avançar no emergente segmento de pré-pagos. A empresa fechou acordo com a americana InComm para colocar no varejo físico brasileiro produtos e serviços tipicamente comercializados na internet. No cardápio de músicas, jogos e softwares estarão disponíveis, no formato cartão, conteúdos do iTunes, da Apple, do Playstation da Sony, além de aplicativos da Microsoft.
Na prática, em vez de o consumidor adquirir esse tipo de conteúdo pagando com o cartão de crédito na ainda vulnerável rede mundial de computadores, ele comprará numa loja física um pré-pago com um código que pode ser habilitado no valor dos créditos adquiridos para baixar músicas e jogos pela internet. "A adesão da baixa renda à internet duplica a cada ano e o mercado de 'games' no Brasil é um dos maiores do mundo, há um potencial grande", diz o presidente da Unik, José Roberto Kracochansky.
A expectativa do executivo é de que os cartões de conteúdo digital movimentem por ano algo próximo dos R$ 300 milhões.
A InComm entra como processadora, administradora e gestora dos programas de pré-pagamentos, fazendo a interface com os provedores, que habilitam o conteúdo no valor dos créditos só depois de o cartão ser adquirido. "Os cartões são recebidos pelo varejista sem nenhum valor, em consignação, não é preciso administrar estoques e, em função dessa economia, a margem costuma ser maior do que nos produtos tradicionais", diz Kracochansky. Para fazer a distribuição dos cartões, a Incomm vai contar com a logística da Positivo Informática.
A Unik, por seu lado, é que vai trabalhar o relacionamento com o varejo para a criação de cartões pré-pagos com a marca do lojista. Conforme exemplifica o executivo, um pré-pago de uma livraria pode ser vendido num supermercado ou num posto de gasolina sem que o varejista tenha que ter livros no seu estoque.
No Brasil, as estimativas são de que o mercado de pré-pagos movimente neste ano mais de R$ 100 bilhões, com o segmento de telefonia móvel respondendo por 36,4%, segundo a Boanerges & Cia, consultoria de varejo financeiro.
Kracochansky explica que, como os pré-pagos ainda não são regulamentados, só produtos regulados por lei específica, como transporte, alimentação e recarga de celular é que podem ser distribuídos fora do ambiente bancário e do varejo. É nessa brecha do varejo que entra a Unik. "A Unik não poderia receber dinheiro para uma compra aberta nos Estados Unidos."
Da base de 4 milhões de cartões processados pela Unik no ano passado, 75% referiam-se a pré-pagos (benefícios e cartões presentes) e o restante a cartões de adiantamento salarial, originados de convênios com 3 mil empresas clientes. Tem hoje cerca de 30 mil estabelecimentos credenciados e está em grandes redes como Pão de Açúcar e Walmart. O próximo passo, conta Kracochansky, é fechar acordo com uma grande rede de captura, Cielo ou Redecard, para assegurar a habilitação dos pré-pagos no maior número possível de estabelecimentos comerciais.
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