31 de mai. de 2011

CARTÃO DESTOA DE DEMAIS LINHAS E CONCESSÃO SOBE

jornal Valor Econômico 31/05/2011 Adriana Cotias

Num momento em que as concessões endereçadas ao consumo recuam em praticamente todas as linhas, chama a atenção o comportamento do brasileiro no uso dos cartões de crédito. Pelas estatísticas do Banco Central (BC), a média diária tomada pela pessoa física na modalidade disparou 17,9% em abril, a R$ 1,085 bilhão, maior movimentação mensal da série. As concessões acumuladas no mês atingiram R$ 20,6 bilhões, com alta de 6,7% em relação a março e de 20,6% na comparação com abril de 2010.

A inclusão de novos participantes no sistema, com aumento da base de cartões, além do uso maior do rotativo e do pagamento parcelado explicam essa dinâmica, resume o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Claudio Yamaguti. "No parcelamento, os tíquetes são mais altos e isso impacta o valor nominal da carteira."

O curioso é que o volume que efetivamente vira crédito no cartão aumentou às vésperas de começarem a valer as novas regras do BC, que determinou, a partir de 1º de junho, o pagamento mínimo de 15% da fatura - parcela que sobe a 20% em dezembro - ante os 10% normalmente adotados pelos bancos emissores.

Dada a gradualidade da alteração e a antecedência com que foi anunciada - o Conselho Monetário Nacional (CMN) votou tal modificação em novembro -, Yamaguti não espera uma deterioração das carteiras decorrente do aumento da fatia que o consumidor terá que pagar. "De 10% para 15% não é uma mudança drástica e os emissores tiveram tempo de se comunicar previamente com os seus clientes."

Segundo dados da Abecs, no primeiro trimestre, 48% do volume transacionado em crédito tinha sido na forma parcelada. Isso equivale a R$ 40,2 bilhões, de um total de R$ 83,7 bilhões. Para abril, a estimativa da entidade é de que o giro no crédito tenha adicionado R$ 27,9 bilhões a essa soma. O número de cartões de crédito totalizava então 159,5 milhões de unidades, 6,1 milhões a mais do que em dezembro.

De janeiro a março, o brasileiro movimentou em cartões - incluindo débito, crédito e "private label" (com a marca do lojista) - R$ 145,2 bilhões, um crescimento de 23% em relação do mesmo período do ano passado. Trata-se de um desempenho pouco acima do estimado pela entidade para o ano, de uma expansão de 20%, a R$ 642 bilhões. O tíquete médio das operações também subiu de março de 2010 para cá, passando de R$ 104 para R$ 111 no crédito, e de R$ 53 a R$ 56 no débito.

De acordo com Yamaguti, as medidas de restrição ao endividamento específicas ao setor, como o aumento do IOF para compras no exterior, ainda não surtiram efeito. Outro efeito que o segmento começa a capturar é a inflação que vem sendo repassada pelo varejo ao consumidor.

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