31 de mai. de 2011

CORREIOS VÃO DISPUTAR TELEFONIA MÓVEL EM 2012

jornal Brasil Econômico 31/05/2011 - Fabiana Monte e Françoise Terzian

Os Correios vão entrar no mercado de telefonia celular a partir do próximo ano, atuando como operadora móvel virtual e com grandes chances de oferecer um serviço com marca própria, afirma o presidente da companhia, Wagner Pinheiro de Oliveira. Neste modelo, os Correios alugarão a rede de outra empresa de telefonia celular, como Claro, Oi, Tim e Vivo, para oferecer serviços de nicho à população. Ou seja, eles comprarão minutos no atacado e venderão no varejo. “Com os avanços tecnológicos, os serviços tradicionais dos Correios estão diminuindo. Temos de achar alternativas de receitas”, diz.

No ano passado, os Correios faturaram R$ 13 bilhões e registraram um lucro líquido de R$ 827 milhões. Do montante de vendas, 65% vieram de cartas. O objetivo de agora em diante é ganhar receita com serviços diferenciados como os de celular e também com a logística integrada. Isso significa que os Correios tendem a brigar cada vez mais não só com DHL e UPS, mas também com o TIM, Claro, Vivo e Oi. “O olhar para quatro anos é fazer com que o faturamento cresça 50%”, afirma Oliveira.

Serviços

Como operadora móvel virtual, os Correios poderão oferecer serviços que melhorem sua operação, como monitoramento em tempo real de sua frota e dos entregadores; acompanhamento de cargas e comunicação entre carteiros e agências. Oliveira não revela os planos da empresa, uma vez que os projetos ainda se encontram em fase de análise. “Já temos uma avaliação econômico-financeira que mostra viabilidade para o projeto. Falta definir nosso modelo de atuação e, depois, fazer a análise de receita”, diz. Para usuários finais, a empresa pode oferecer alertas de entrega e acompanhamento de correspondências.

Atuar como operadora móvel virtual é uma tendência mundial, a exemplo do que recentemente fez o La Poste, o correio francês, no dia 23 de maio, quando lançou um serviço próprio de telefonia celular no qual é possível escolher entre uma gama de 29 aparelhos a € 1 cada, dentre outras ofertas. No Brasil, o mercado ainda dá os primeiros passos e apenas a Porto Seguro anunciou planos de atuar como operadora móvel virtual, com estreia prevista para o segundo semestre. No dia 17 de maio, decreto da presidente Dilma Roussef sinalizou mudanças no estatuto dos Correios que, agora, podem atuar como operadora móvel virtual, entre outras possibilidades.

Agora, o que falta aos Correios é decidir qual modelo adotar. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estabeleceu que as operadoras móveis virtuais podem ser autorizadas ou credenciadas. Se escolher a primeira opção, calcula-se ser necessário um investimento de entrada da ordem de R$ 100milhões, para montar uma estrutura própria com call center, sistemas de faturamento e pós-venda, entre outros. Já no modelo de credenciada, o aporte inicial seria da ordem de R$ 20 milhões e a responsabilidade da infraestrutura fica por conta da empresa fornecedora da capacidade de rede.

Benefícios

Um dos pilares da estratégia dos Correios é usar a rede de agências de 12 mil pontos no país, incluindo as 6,2 mil unidades com Banco Postal, que contabiliza 11milhões de clientes. O atendimento presencial dos Correios seria um diferencial frente às operadoras tradicionais. Conta também a experiência na prestação de serviço público. Os Correios também poderão oferecer serviços bancários pelo celular. Como o Banco Postal chega onde nem as instituições financeiras vão, a lógica do Correio é a mesma. Atingir a minoria da população que ainda não tem celular. “Há 212,6 milhões de linhas móveis no país e 15% de brasileiros sem um aparelho celular”, conta Oliveira.

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