3 de fev. de 2011

CARREFOUR BUSCA SÓCIO PARA SEU BANCO

portal iG 03/02/2011 - Claudia Facchini e Nelson Rocco

A rede de supermercados Carrefour está buscando um comprador para a participação de 49% da financeira Cetelem em seu banco no Brasil. A varejista abriu um processo de concorrência. A sala com as informações do CSF, nova denominação para o Banco Carrefour, estão abertos, e os interessados já analisaram os números.

Segundo apurou o iG, as negociações estão avançadas, e o Bradesco é apontado como o favorito na disputa. Mas há outros bancos na disputa. Os valores envolvidos podem chegar a R$ 500 milhões, levando em consideração acordos similares.

"O Carrefour está fazendo uma concorrência. Para eles interessa que todos os integrantes do sistema financeiro olhem os dados. Por outro lado, os ativos do CSF interessam a todos os bancos de varejo”, afirma um executivo próximo às negociações.

O Bradesco já comprou o Banco Ibi, que pertencia à C&A, maior varejista de vestuário do mercado brasileiro, e também é sócio de outras varejistas como a rede de eletrodomésticos Lojas Colombo, do Rio Grande do Sul. A aquisição por parte do Bradesco ajudaria o banco a reduzir a vantagem do Itaú Unibanco no segmento de crédito ao consumo.

O Itaú Unibanco já é sócio do Grupo Pão de Açúcar, a maior varejista brasileira e a controladora das bandeira Extra e das redes eletrodomésticos Ponto Frio e Casas Bahia. O banco ainda é parceiro do Walmart, terceira no ranking nacional de supermercados, e também é sócio do Magazine Luiza na financeira da rede de eletrodomésticos.

No "data room" aberto para os investidores, o Carrefour mudou a rotina dos funcionários em sua sede em São Paulo. Foi pedido que eles passem a trabalhar com roupas mais formais, já que poderão receber “visitas” a qualquer momento. Essas visitas são de executivos e advogados das instituições interessadas nos ativos do banco.

Os ativos do CSF somavam R$ 5,9 bilhões em setembro passado, segundo dados do balanço. O grande interesse dos interessados é pela carteira de clientes do cartão Carrefour. Segundo informações relativas a 2009, o banco tinha mais de 10 milhões de cartões de crédito emitidos e o saldo na carteira de crédito superava os R$ 2 bilhões. Naquele ano, o lucro foi de R$ 118 milhões.

A parceria entre o Carrefour e a Cetelem, controlada pelo francês BNP Paribas, começou em 1985 na França. No Brasil, o acordo só foi fechado em 1999, quando a financeira adquiriu 40% da administradora de cartões do Carrefour por R$ 38 milhões, em valores da época.

A venda de parte do banco do Carrefour ocorre em meio à crise vivida pelas operações de varejo do grupo francês no Brasil. Em 2010, foi descoberto um rombo contábil de R$ 1,2 bilhão. O buraco obrigou a matriz a trocar sua diretoria no Brasil.

Procurado por meio da assessoria de imprensa, o executivo do BNP Paribas responsável pelos negócios com o Carrefour não quis se pronunciar. A direção da rede varejista também foi procurada pelo iG, mas os executivos não quiseram falar sobre o assunto.

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