portal IDG Now! 23/02/2011 - Renato Rodrigues
O concorrido mercado brasileiro de pagamentos online vai ganhar em breve mais um concorrente. E um nome de peso. Trata-se da PayPal, um dos maiores nomes do mundo nesse tipo de serviço e líder nos EUA.
As empresas de pagamentos online fazem o meio de campo entre vendedores, compradores, bancos e operadoras de cartão de crédito. Atualmente, as principais do ramo no país são a PagSeguro, do UOL, a MercadoPago, do Mercado Livre, e a Pagamento Digital. No entanto, o setor é tão fragmentado quanto concentrado. Explique-se: a líder, PagSeguro, tem apenas algo em torno de 5% de share. Além disso, oito de cada 10 reais dos US$ 10 bilhões movimentados no e-commerce nacional em 2010 passaram por apenas 20 lojas online (marcas com B2W, Casas Bahia e Netshoes). O restante faz conexão direta com as operadoras de cartão.
Tecnicamente, a PayPal já está no Brasil desde novembro de 2009, mas começou a operar em modo low profile somente em setembro do ano passado. "Agora estamos nos preparativos finais para o lançamento oficial, que deve acontecer no iníco de abril", disse ao IDG Now! o presidente da empresa no Brasil, Mario Mello.
De acordo com executivo, no entanto, ainda são precisos ajustes e adequações ao mercado nacional."O parcelamento, por exemplo, é uma coisa que os americanos demoraram para digerir", conta.
E como superar concorrentes nacionais que já estáo consolidados e acostumados com as minúncias do e-commerce brazuca? Os americanos apostam em "segurança com simplicidade". Segundo Mello, o PayPal é a única no país com nível 4 de adesão às normas PCI, que regulam o delicado setor de cartões de crédito. Na prática, isso significa ser a única a poder oferecer, em qualquer site filiado, o sistema de "express checkout" - o usuário clica em comprar, faz seu login na tela do serviço, e aprova. "Nosso concorrentes exigem que você insira seus dados a cada compra, às vezes com até seis telas", diz. "Um checkout que podemos fazer em 2 segundos demora até 2 minutos", ataca.
Esse recurso aparentemente simples – armazenar os dados do cartão de crédito (inclusive o código de segurança – os três números na parte de trás) exigem uma montanha de investimentos e conformidades, explica. De acordo com ele, nenhum concorrente está perto de oferecer isso, ao menos por enquanto. Também por isso, ele não lamenta a demora em chegar ao Brasil. "Só agora chegamos a um nível de maturidade e escala necessárias", afirma.
E o que tem de mais digitar alguns números? Para a PayPal, quanto mais burocracia, maior o nível de abandono da compra. Ele dá um exemplo extremo - o boleto bancário, outra jabuticada do e-commerce nacional. "Entre 60% e 70% dos compradores simplesmente imprime o boleto e depois desiste da compra". Por isso, argumenta, quanto menos passos, menor a chance de a venda não ser concluída. "Em pequenas e médias, há um aumento de 12% a 16% nas vendas só pela implantaçáo do pagamento em dois cliques", afirma.
Além disso, continua Mello, a segurança do processo é tamanha que, caso o cliente reclame, é ressarcido imediatamente. "Não recebeu o produto, reeembolsamos imediatamente. Depois vamos ver com o comerciante o que houve", diz. "É preciso muita confiança em nosso processos de segurança para oferecer isso", propagandeia.
De olho nas PMEs
A PayPal tem 22% do mercado americano, em grande parte graças ao site de leilões E-Bay - por sinal, dono da empresa, e movimentou cerca de US$ 100 bilhões. No Brasil, a empresa processou mais de R$ 200 milhões em pagamentos e tem 2 milhões de cadastrados (mas não revela quantos ativos) – no mundo, são 89 milhões.
Embora garanta estar de olho no mercado de PMEs, que movimenta 20% do e-commerce, Mello anunciou acordos com o Terra, Localweb, Fastcommerce, Ikeda e a Vivo - a partir de abril, todas as vendas no site da operadora serão processados pela PayPal. "Já temos mais de 50 mil lojas com um botão de pagamento nosso", diz o executivo.
Segundo o executivo, 75% dos recursos oferecidos pela empresa nos EUA estarão disponíveis aqui já em abril. Lá, por exemplo, é possível cadastrar até uma conta corrente para o pagamento - o que exige um nível tão ou mais alto do que armazenar dados do cartão do crédito.
Mello diz que a PayPal fará campanhas de marketing para "doutrinar"internautas e lojas sobre as vantagens do pagamento expresso na web. Uma tarefa nada fácil, visto que, segundo ele, 85% dos internautas aqui têm medo de fazer compras na web. É um dado que preocupa a empresa até mais que a concorrência. "Eles estáo acostumados ao mar, nós, ao oceano", afirma.
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