18 de fev. de 2011

LUCRO DO BANCO DO BRASIL É O MAIOR DA HISTÓRIA

jornal DCI 18/02/2011 - Eduardo Puccioni e Agência Estado

O crescimento de 19,1% na carteira de crédito do Banco do Brasil (BB) possibilitou que a instituição financeira encerrasse o ano de 2010 com novo recorde em seu lucro líquido. No período, o resultado do BB foi de R$ 11,703 bilhões, contra R$ 10,148 do ano anterior, que corresponde a uma elevação de 15,3%. A carteira de crédito do banco fechou 2010 em R$ 358,3 bilhões, contra R$ 300,8 bilhões em igual intervalo de 2009.

O detalhamento da carteira de crédito do BB mostra a liderança dos empréstimos para pessoa jurídica, que ficou com R$ 149,8 bilhões, seguido pela pessoa física, com R$ 113 bilhões. A carteira de financiamento de veículos encerrou dezembro de 2009 em R$ 27,3 bilhões e crédito consignado fechou em R$ 44,9 bilhões.

O BB quer aumentar as linhas de financiamento imobiliário para construtoras e pessoas jurídicas, segundo o diretor de novos negócios de varejo do BB, Paulo Rogério Caffarelli. O banco fechou dezembro com saldo de R$ 3 bilhões na carteira imobiliária e a meta é dobrar esse número em 2011. No programa do governo Minha Casa, Minha Vida, a meta é fazer 100 mil contratos este ano.

Do salto total do financiamento imobiliário da instituição, 85% são de recursos liberados para pessoas físicas e o restante para jurídicas. O objetivo do banco, segundo Caffarelli, é aumentar a participação desse último segmento para 60% e reduzir o de pessoas físicas para 40%.

"Começamos um movimento forte na pessoa física nos últimos meses, agora vamos intensificar as ações com construtoras", disse o executivo, que participou ontem de entrevista com a imprensa para comentar os números de 2010 do BB. O banco tem convênios com as 15 maiores construtoras do Brasil. O objetivo é ampliar esse número para as demais empresas de construção civil.

No Minha Casa, Minha Vida, o BB ainda é o único banco, além da Caixa Econômica Federal (CEF), autorizado a operar. O executivo do banco diz que as operações começaram em setembro do ano passado e até agora poucos contratos foram assinados. A instituição trabalha apenas com as faixas de três a dez salários mínimos.

Os dados do quarto trimestre mostram que os desembolsos no financiamento imobiliário deram um salto em dezembro. Naquele mês, os recursos liberados somaram R$ 330 milhões, expansão de 84% ante novembro. Foram fechados 1.735 contratos, ante 1.042 no mês anterior.

Outro ponto que contou a favor dos resultados do BB foi a taxa de inadimplência de 2,3% que encerrou em dezembro de 2010, considerando os atrasos acima de 90 dias. No fim de 2009, o indicador estava em 3,3% e, em setembro de 2010, em 2,7%.

Além da melhora do nível de emprego e da renda da população, o BB atribui a queda do indicador a sua estratégia de apostar em linhas de crédito de menor risco, como o financiamento imobiliário, no qual a garantia é o imóvel, e o empréstimo consignado, com desconto das parcelas em folha de pagamento.

Em meio à redução dos calotes, o BB também conseguiu reduzir as despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD). Elas somaram R$ 2,1 bilhões no quarto trimestre, uma queda de 27,4% ante o mesmo período do ano anterior. Considerando o exercício de 2010, as despesas com PDD ficaram em R$ 10,7 bilhões, ante R$ 11,6 bilhões do ano anterior. O saldo total das provisões encerrou o quarto trimestre em R$ 17,315 bilhões, o que proporciona cobertura de 212,1% das operações vencidas há mais de 90 dias.

O BB também aumentou a recuperação de créditos que já estavam indicados como prejuízo. No ano de 2010, foram recuperados R$ 3,3 bilhões desses créditos, um montante 22,7% superior ao recuperado em 2009.

Nas projeções apresentadas por Aldemir Bendine, presidente do BB, prevê um crescimento na massa salarial para 2011 de 10%, com isso, a inadimplência deve cair ainda mais, aliado a estimativa de queda no crédito. "Estamos estimando um recuo no crescimento do crédito para pessoa física, encerrando 2011 com alta entre 19% e 23%", afirmou Bendine. Com isso, a carteira de crédito deve crescer entre 17% e 20%.

Internacionalização

A operação do Banco do Brasil na África em parceria com o Bradesco e o Banco Espírito Santo (BES) deve ter o projeto definido em até 60 dias. O banco deve atuar, inicialmente, em Angola e Cabo Verde, segundo o presidente da instituição financeira.

Quando a operação foi divulgada, em setembro de 2010, a estratégia era comprar participação na holding que o BES tem no continente africano e que controla sete bancos que atuam em sete países da região. Segundo Bendine, a estratégia, depois de conversas entre os participantes, mudou. Agora, o BB e o Bradesco devem comprar fatias dos bancos em cada país, e não na holding.

Segundo Bendine, nesse prazo de até 60 dias será definida a participação em cada banco e os locais de atuação. "O modelo é flexível e aberto", afirma o presidente do BB, destacando que o banco pode ou não comprar participações em conjunto com o Bradesco.

Bendine falou também sobre o anuncio da compra de um banco norte-americano. "Ainda não posso falar o nome do banco, mas devemos anunciar no final deste mês ou, no máximo, no início de março", revelou Bandine, ressaltando ainda que o banco a ser comprado é de pequeno porte.

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