18 de fev. de 2011

CIELO E REDECARD SOBEM, COM MUDANÇAS NO SETOR

jornal Valor Econômico 18/02/2011 - Daniele Camba

As empresas de captura de cartões Cielo e Redecard tiveram um dia animado ontem. Primeiro, houve a notícia da saída do presidente da Redecard, Roberto Medeiros, que será substituído por Claudio Yamaguti, que até então comandava a operação do Itaú Unibanco no Paraguai. Já no pregão, as ações tanto de Cielo quanto de Redecard foram destaque de alta. As ordinárias (ON, com voto) da Cielo subiram 7,08% e as da Redecard, 5,87%, ambas entre as maiores altas do Ibovespa.

Na quarta-feira, os papéis das duas companhias já tinham se valorizado bem. Os analistas apontam vários motivos para esse desempenho positivo. Um deles seria a própria saída do presidente da Redecard. Segundo um analista, o executivo foi o grande responsável pela redução das tarifas cobradas, levando a concorrente Cielo a fazer o mesmo, o que provocou um cenário de supercompetição, maléfico para ambas.

Analistas esperam um abrandamento da competição

"O raciocínio que o mercado fez é que, com a saída de Medeiros, essa estratégia agressiva deve ser no mínimo amenizada", diz o analista. Isso explicaria a alta ontem também das ações da Cielo, já que um cenário mais amigável seria positivo para as duas companhias.

A leitura também foi que a entrada de um executivo do Itaú no comando da Redecard reforça a possibilidade de um fechamento de capital da companhia pelo banco. Um outro motivo para o bom desempenho dos papéis teria sido declarações do presidente da Cielo, Rômulo Dias, em um encontro entre empresas e investidores. Segundo fontes que participaram da reunião, Dias disse que o nível de competição em janeiro e neste mês foram mais amenos.

Também houve um fator técnico para a valorização dos dois papéis. Ambos possuíam grandes posições de vendas a descoberto (vender sem ter o papel, apostando na queda). Com a onda de notícias positivas, os investidores correram para comprar as ações e assim cobrir essas vendas a descoberto.




Vale lembrar que as ações das duas empresas vêm sofrendo muito nos últimos tempos. Segundo o gestor da Schroders Brasil Marcos De Callis, o acirramento da competição entre concorrentes costuma ser um dos fatores que mais levam os investidores a se desfazerem de ações. Ele lembra de alguns casos: como a queda dos papéis da TAM e da Gol quando a Azul passou a operar e, mais recentemente, a baixa das ações da BM&FBovespa, com a notícia de uma nova bolsa.

Alguns analistas acreditam que o possível abrandamento da competição deve abrir espaço para a valorização das ações das duas companhias. "As margens são altas, a geração de caixa é bem atrativa, o lado ruim era a competição", diz um gestor.

As ações PNA da Usiminas ontem subiram 3,36%, enquanto as ON caíram 4,25%. Segundo um analista, as ON da siderúrgica já subiram bem este ano por conta das especulações de que a CSN teria interesse em aumentar sua participação na empresa.

Ele mostra-se cético em relação ao aumento da fatia da CSN na Usiminas, segundo apurou a repórter Beatriz Cutait, já que o acordo de acionistas da siderúrgica "não pode ser quebrado". Se um dos sócios quiser sair da Usiminas, precisa oferecer sua parte aos demais acionistas. E nem Nippon Steel e nem o clube dos empregados querem a entrada da CSN, mesmo se a Camargo Corrêa e o Votorantim quiserem sair da empresa, completa o analista.

Daniele Camba é repórter de Investimentos

E-mail daniele.camba@valor.com.br

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