31 de ago. de 2011

SOROCRED PLANEJA BANCO PARA ATENDER DEMANDA DA CLASSE C

jornal DCI 30/08/2011 – Marcelle Gutierrez e Renato Carvalho

Criada em 1990, a financeira Sorocred amplia sua forma de atuação nos últimos anos para além da emissão de cartões. Em 2010, ocorreu o início das operações de produtos financeiros e em 2011 houve a parceria com a seguradora Zurich. O próximo passo a médio prazo, segundo executivos da companhia, é a transformação em banco, com foco nas classes C, D e E. Se concretizado o projeto, a Sorocred entra em um setor que obteve a maior soma de lucros entre as empresas de capital aberto no primeiro semestre de 2011, de R$ 24,9 bilhões, de acordo com levantamento da Economatica.

Para Wilson Justo, diretor de Marketing da Sorocred, há na companhia uma adaptação ao crescimento. "A Sorocred tem 21 anos e há três acontece uma reestruturação com a chegada de novos executivos do mercado e nascimento de novos departamentos". O diretor-presidente da Sorocred Vale, Giovanni Santini, concorda com o momento de expansão. "Este é um dos melhores momentos da Sorocred."

Ao ser questionado sobre o avanço com a constituição de um banco, o diretor Wilson Justo diz que a companhia define estratégias detalhadas. "Sem dúvida o projeto do banco existe a médio prazo. Sempre lembramos, porque a empresa avança."

Com 4,2 milhões de clientes em sua carteira, o segmento de cartões permanece como "carro-chefe" dos negócios da Sorocred. Somente em 2011, o número de novos plásticos foi de 700 mil, o que representa uma expansão de cerca de 15% sobre o último ano, quando chegou a 3,5 milhões.

A expansão também está no número de estabelecimentos comerciais cadastrados, atualmente em 150 mil, por conta das parcerias fechadas com a Redecard e Cielo, líderes do setor de adquirentes, com 1,14 milhão e 1,115 milhão de estabelecimentos ativos, respectivamente, em junho deste ano. "Ao final do processo projetamos aumento de 30% no volume de transações com o cartão", afirma Justo, que complementa que há investimentos financeiros para o início das operações com a Redecard, no final de 2011, e da Cielo, em 2012. O tíquete médio dos cartões é de R$ 350.

O público-alvo da bandeira Sorocred, linhas de financiamento e seguros são as classes C, D e E, e as micro e pequenas empresas. Segundo o diretor de Marketing, o perfil é desenvolvido dentro da empresa desde a fundação. "Enquanto outras instituições descobrem a baixa renda, nós rentabilizamos este setor há muito tempo. Acompanhamos o crescimento das famílias que entram na cultura do consumo", diz Justo, que acrescenta: "O que a gente vê é a 'ponta do iceberg', pois as pessoas ainda dão os primeiros passos para o consumo..

No que se refere à manutenção dos índices de inadimplência sob controle, a financeira utiliza a educação financeira e atendimento personalizado, com concessões por meio da ferramenta tecnológica Credweb, disponível na rede de distribuição. "O cliente vê que a empresa atende rápido. Dias depois da primeira compra recebe o cartão. Quando realiza o primeiro pagamento daquele crediário, por exemplo, recebe o crédito." O diretor não informou os índices de inadimplência até o fechamento desta edição.

Justo cita o exemplo de um cliente que não utilizava o plástico havia alguns meses, e quando retornou teve aumento do limite, pois a mãe usava e realizava o pagamento em dia. "Se fica no rotativo [pagamento mínimo], o score diminui. Se é um bom pagador, o cartão recompensa". O diretor Giovanni Santini ainda acrescenta que a estratégia para manter os índices de falta de pagamento sob controle está na atuação de acordo com características regionais.

Outro produto ofertado na rede de atendimento para atingir as classes com menor poder aquisitivo é o seguro desemprego em parceria com a Zurich Seguros. Direcionado para os clientes do crédito pessoal, a apólice possui também título de capitalização com prêmio mensal de R$ 10 mil.

A Sorocred possui ainda financiamento de veículos, capital de giro, crédito consignado e investimentos. Para jovens empreendedores de baixa renda há o cartão Banco Pérola, com empréstimos de até R$ 5 mil. No setor de micro e pequenas empresas, o diretor de marketing cita como diferencial o atendimento. "Temos relacionamento com maior proximidade, inclusive com call center próprio. Nós conseguimos tratar o pequeno empresário como grande e quando ele cresce continua com a Sorocred."

O foco em clientes das classes C, D e E faz parte da história da financeira. Fundada em Sorocaba (SP), a companhia surgiu da iniciativa de dois antigos "boias-frias" que atuavam em uma financeira local. Depois da falência da empresa com o Plano Collor, iniciaram o investimento em 500 clientes pertencentes à carteira de cobrança ao oferecer crédito. Em seguida, o carnê evoluiu para cartão de identificação sem tarja magnética, que funcionava como cadastro pré-aprovado para agilizar crediário.

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