29 de ago. de 2011

BRADESCO APOSTA NA PRÓPRIA BASE DE CLIENTES PARA CRESCER

jornal DCI 24/08/2011 - Ernani Fagundes

O Bradesco vai manter sua estratégia de crescimento orgânico e ofertar produtos dentro de sua própria base de 62 milhões de clientes. A estratégia é aproveitar um potencial de 38 milhões de clientes que ainda não possuem conta corrente na instituição.

"O CRM do banco será direcionado a milhões", declarou o diretor-gerente do Bradesco, Cândido Leonelli, em reunião com a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) realizada ontem em São Paulo.

Segundo Leonelli, o Bradesco investiu R$ 1,74 bilhão em tecnologia da informação no primeiro semestre de 2011. "Os modelos do CRM identificam com índice de até 90% de acerto o próximo produto que o cliente precisa", afirmou o diretor-gerente.

De acordo com ele, o CRM do banco fará ações específicas de acordo com a personalização dos clientes. "Hoje, 90% da prospecção são feitos por canais on-line, como autoatendimento e Internet", especificou Leonelli.

No primeiro semestre de 2011, o lucro líquido do Bradesco alcançou R$ 5,56 bilhões, 20,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O patrimônio líquido avançou para R$ 52,84 bilhões, 19,3% maior em comparação com igual período de 2010.

Na área de seguros, que respondeu por 28% do lucro líquido do banco, a estratégia é semelhante. "Temos um outro Bradesco Seguros dentro do Bradesco", diz o presidente da Bradesco Seguros e Previdência, Marco Antônio Rossi.

Segundo Rossi, 40% dos clientes do Bradesco possuem algum tipo de seguro da Bradesco Seguros. O número de clientes do grupo segurador é de 38 milhões de clientes.

Ele vê potencial para os quatro segmentos de atuação: saúde, automóveis, capitalização e vida e previdência.

No balanço da Bradesco Seguros e Previdência, o lucro líquido cresceu 11,2% para R$ 1,56 bilhão no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Desse resultado, Vida e Previdência contribuiu com R$ 912 milhões, seguido por Saúde com R$ 401 milhões, o segmento de Capitalização com R$ 165 milhões e o Bradesco Auto, com R$ 83 milhões em lucro líquido. O presidente da seguradora enfatizou que irá aproveitar a estrutura de 3676 agências do banco e a rede de 35 mil corretores para ofertar os produtos em outras regiões. "Percebemos um crescimento acentuado nas Regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste", destacou Rossi.

A seguradora também deve buscar oportunidades na venda de seguros pela Internet e em caixas eletrônicos. "Alguns produtos de baixo tíquete possuem esse perfil, outros não", considerou.

Aos analistas e acionistas presentes na reunião da Apimec, Rossi deixou claro que a seguradora não deve atuar com planos individuais para pessoas físicas.

"Estamos entrando agora no mercado de adesão. O segmento saúde cresceu 22% no primeiro semestre, mas na área de pequenas e médias empresas crescemos acima de 30%", mencionou.

Questionado sobre a sinistralidade na área de saúde, Rossi disse que ela está estável. "A Bradesco Saúde teve 40 milhões de procedimentos médicos", informou. De acordo com ele, a sinistralidade da Bradesco Seguros caiu um pouco e está em 72,1%.

Rossi citou as aquisições de 2009, de 43,5% da Odontoprev, 14% do laboratório Fleury, e de 50% da Europ Assistance como dentro da estratégia da companhia. "O mercado de seguro dental ainda é muito pequeno. A Odontoprev é um casamento perfeito", argumentou o presidente da seguradora.

Incertezas

Na reunião da Apimec, os acionistas presentes manifestaram preocupação com uma possível recessão global, cenário que tem sido acompanhado pelo banco.

"A tendência é de muita volatilidade. A Bolsa é influenciada pelo cenário global", avaliou o economista chefe do Bradesco, Octávio de Barros.

Questionado pelo DCI, sobre o receio dos analistas com a adoção de novas medidas macroprudenciais por parte do BC, Barros emitiu sua opinião pessoal.

"Não acredito que o Banco Central vai implantar mais medidas macroprudenciais. O crescimento do crédito deve ficar em torno de 15%", afirmou o economista chefe do Bradesco.

Os analistas que acompanham os papéis do Bradesco se apóiam nas incertezas sobre a adoção de novas medidas de contenção do crédito para explicar as oscilações do setor bancário na Bolsa de Valores de São Paulo.

Diante do cenário, a maioria dos analistas seguem com recomendação de compra. Letícia Soares do Banco do Brasil vê preço alvo de R$ 42 e Fernando Salazar do Banco Fator vê preço alvo de R$ 42,70. Boris Molina do Santander avalia o preço alvo em R$ 40 e Raquel Varela, da Votorantim Corretora a R$ 43. A menor previsão é de Jorg Friedeman, do Bofa Merrill Lynch com R$ 38.

No pregão de ontem, o papel Bradesco PN fechou em alta de 1,48% a R$ 26,60. No mesmo dia, o Ibovespa fechou em alta de 2,57%, a 53.786 pontos.

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