29 de ago. de 2011

PÃO DE AÇÚCAR FARÁ VENDA ON-LINE NA TV

jornal Brasil Econômico 25/08/2011 - Cintia Esteves e Carolina Pereira

Quem gosta de comprar pela televisão não precisa mais assistir Luiz Galebe, no Shop Tour, ou ceder à voz persuasiva do locutor da Polishop. Produtos de varejistas como Pão de Açúcar e Walmart começam a chegar nas chamadas TV's conectadas, onde a compra depende de apenas alguns cliques no controle remoto. O grupo Pão de Açúcar, por meio da marca Extra, iniciou vendas em caráter experimental de aparelhos como home theater e DVD player. Por enquanto, o consumidor inicia a compra pela televisão, mas para concluí-la precisa ligar para o televendas, mecanismo disponibilizado também pelo concorrente Walmart. No entanto, a partir do ano que vem o Extra comercializará oito novas categorias de produto e todo processo poderá ser feito pela TV.

“Escolhemos o Extra por ser a marca que tem capacidade de trabalhar em qualquer categoria de produto. Acho que não será necessário incluir o portfólio de Ponto Frio e Casas Bahia”, diz Germán Quiroga, presidente da Nova Pontocom, formada pelas operações de comércio eletrônico de Casas Bahia, Ponto Frio e Extra. Para este tipo de venda, a varejista precisa fazer parcerias com as fabricantes de TV, já que cada uma delas usa um sistema diferente. “Isto não é problema, afinal o Pão de Açúcar é o maior varejista do país e os fabricantes estão à disposição”, afirma. Para o executivo, o desafio no novo projeto é a falta de hábito do brasileiro de interagir com a TV.

Concorrência

O Walmart também está de olho no novo canal de vendas. A empresa vende uma seleção de produtos pela TV e informou que em breve comercializará todo o sortimento das lojas. Mas ao contrário do Pão de Açúcar, ainda não tem data definida para realizar o processo de venda completo pela televisão. As empreitadas dos varejistas devem ser bem recebidas pelos consumidores. Uma pesquisa feita pela IBM mostra que 44%dos brasileiros com acesso a internet têm intenção de fazer compras pela TV.

Além disso, o PC já não é mais prioridade do consumidor como meio de compra pela rede no país: 70% dos entrevistados utilizam mais de um dispositivo diferente para adquirir produtos pela web, segundo o estudo. O percentual é o maior do mundo, superando países como China (62%) e EUA (48%), o que mostra o quanto os usuários estão abertos aos novos meios de compras. “O mundo dos aplicação no comércio eletrônico”, afirma Alejandro Padron, sócio de consultoria da IBM, área responsável pelo estudo. Segundo ele, pessoas que antes tinham aversão a entrar na internet começam a acessar mecanismos de compras por conta dos aplicativos, que exigem apenas um clique para ter acesso às lojas.

Com isso, as pessoas também compram mais por impulso. “Ao pegar no telefone para ligar para o televendas ou digitar o endereço na internet, o consumidor tem mais tempo para pensar na compra. Com os aplicativos isso não acontece”, diz.

Atualmente, 20% das TV's se segundo CarlosWerner, diretor de marketing para a América Latina da Samsung. “A smart TV, como também é conhecida, está mudando o comportamento das pessoas”, afirma. Mas apesar dos investimentos das empresas, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para que as compras pela TV passem a fazer parte do dia a dia das pessoas. “A TV interativa deve ganhar força nos próximos três ou cinco anos”, diz Luís Goes, sócio da Gouvêa de Souza, consultoria especializada em varejo.

De olho nestas oportunidades, a Totvs, desenvolvedora dos aplicativos utilizados hoje pelo Extra e o Walmart para ven-das pela TV, está negociando com os canais abertos modelos para dispor de aplicativos de compras por esta via, de acordo com David Britto, diretor de tecnologia da empresa. Ainda não há previsão de quando isso estará acessível ao telespectador. “Quando uma inovação é introduzida é preciso mexer em um modelo já consolidado, e isso leva tempo”, afirma.

De acordo com Britto, o custo para desenvolver um aplicativo para vendas via TV é o mesmo dos sistemas voltados para tablets ou smartphones, mas ainda é cedo para fazer uma projeção de quantos varejistas devem contratar o serviço.

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