jornal Diário do Comércio 01/10/2010 - Vanessa Rosal
O crescimento do comércio eletrônico no Brasil está atraindo investimentos de empresas estrangeiras do setor de meios de pagamentos online. Assim como o MercadoPago – que possibilita as transações financeiras dentro do Mercado Livre, um dos maiores portais de vendas na internet –, a americana PayPal aposta no potencial de compra dos consumidores brasileiros. A empresa, que em agosto iniciou suas operações no País, representa cerca de 15% das vendas eletrônicas mundiais, com pagamentos feitos por cartão de crédito, débito automático ou boleto bancário.
No primeiro semestre deste ano, cerca de 20 milhões de consumidores compraram pela internet, um aumento de 13,64% em relação a igual período de 2009, quando 17,6 milhões de consumidores fizeram o mesmo. Segundo a consultoria de comércio eletrônico e-Bit, o número é 30% maior que o verificado no último semestre do ano passado. O crescimento está relacionado ao aumento de renda da população, que comprou mais computadores e investiu na contratação de serviços de banda larga. A classe C já representa 30% das vendas na internet.
Fraudes – Mais gente comprando, aumenta o risco de fraudes. A função das empresas de meios de pagamentos online é agir como intermediário na hora da compra, evitando que o consumidor seja lesado. Elas também atuam na transferência de valores entre empresas ou prestadores de serviços que realizam negócios no mundo real dentro de um país ou entre países. Esses meios de pagamento representam 5% do varejo eletrônico nacional, mas a projeção do setor é promissora para os próximos anos.
Segundo o diretor do MercadoPago no Brasil, Marcelo Coelho, os resultados da empresa dobraram no primeiro semestre do ano na comparação com igual período de 2009. Em relação à quantidade de pagamentos, foram fechados 2,4 milhões de negócios nos seis primeiros meses do ano, ante 1,2 milhão registrado em 2009. "O crescimento anual médio de dinheiro transacionado desde 2007 tem sido de 60%," afirma.
Na comparação com o total de transações realizadas no ano passado, a plataforma já registrou, em 2010, o equivalente a 77% dos pagamentos, o que demonstra uma continuidade na curva ascendente. "Por tudo isso, estamos otimistas com o desenvolvimento do mercado do e-commerce no Brasil", diz o executivo.
O objetivo, daqui para frente, será atrair a atenção de pessoas físicas. "Queremos fomentar a adoção do MercadoPago para o uso no dia a dia de quem precisa fazer pagamentos de serviços ou enviar dinheiro por e-mail." Sendo assim, profissionais autônomos, como manicures, jardineiros ou empregadas domésticas, já podem receber via cartão de crédito ou débito. Há ainda a possibilidade de parcelamento dos valores em até 18 vezes.
Entre as inovações da plataforma, está a agilidade para análise e aprovação da transação feita pelo consumidor, processo totalmente online que ocorre segundos após ele ter escolhido a forma de pagamento. Para o comerciante (ou destinatário do dinheiro), a liberação dos valores poderá ocorrer a partir de dois dias.
Em 2009, foram realizadas 3,1 milhões de transações pelo MercadoPago, o que movimentou US$ 382,6 milhões com operações em seis países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Venezuela). O número representa um avanço de 62% em relação a 2008.
Confiança – Outro fator determinante para o crescimento do e-commerce no País é o aumento da confiança do consumidor brasileiro nas ferramentas de pagamento. Assim como os empreendedores, as pessoas precisam se sentir seguras para finalizar a operação, inserir seus dados e transferir o dinheiro.
Uma das empresas responsáveis pela verificação de transações nos sites brasileiros é a Braspag, do Grupo Silvio Santos. Segundo o gerente de projetos Renann Fortes, a companhia é líder em soluções de pagamentos e serviços financeiros para e-commerce, com 75% de participação no mercado brasileiro. "Em cinco anos de atuação, conquistamos 1,1 mil clientes. No ano passado, processamos cerca de R$ 8 bilhões e a expectativa é que em 2010 as transações aumentem 40%."
O sistema permite cobranças periodicamente – seja por meio de cartão de crédito, boleto bancário ou débito automático em conta-corrente. "O objetivo é reduzir custos e tempo. As empresas não precisam investir em softwares e profissionais. A administração em ter que gerenciar todas as cobranças diminui em até 80% com a automatização do processo", afirma Fortes.
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