1 de out. de 2010

LÍDER EM CAIXA ELETRÔNICO, DIEBOLD BUSCA NOVOS SETORES

jornal DCI 01/10/2010 - Wilian Miron

A gigante norte-americana Diebold, que detém 60% do mercado de tecnologia bancária e é considerada a principal fabricante das urnas eletrônicas no Brasil, anuncia que quer abocanhar parte da demanda interna por tecnologia de setores como saúde, educação e varejo. Afora isso, a empresa venceu sozinha a última licitação do negócio de urnas eletrônicas, que lhe rendeu R$ 236 milhões vindos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que investiu na aquisição de novos equipamentos nestas eleições.

A medida de buscar novos nichos faz parte de uma estratégia da empresa para fechar este ano com 25% de crescimento sobre o faturamento global de US$ 1,1 bilhão e diversificar sua atuação para além da venda de tecnologia para bancos, área que corresponde a mais de 80% da receita da empresa. Considerada a maior fornecedora de terminais bancários (caixas eletrônicos), a Diebold atende, no País, clientes como Bradesco, Caixa Econômica Federal, e Banco do Brasil, entre outras instituições. Além da força na área de tecnologia para bancos, onde compete com Itautec, braço do Banco Itaú, a Diebold comemora a fabricação das urnas eletrônicas a serem usadas nas eleições presidenciais deste fim de semana, depois de entregar 197 mil urnas eletrônicas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na semana passada.

Agora, a Diebold diz que já começa a se organizar para entrar em uma licitação do Ministério da Educação (MEC), para oferecer computadores de mesa e equipamentos de informática a escolas públicas. "Desenvolvemos um modelo [de computador] que tem projetor integrado ao PC para facilitar o uso nas salas de aula", comentou o diretor de Marketing da empresa, David Alves Melo.

Segundo Melo, os bons resultados que a Diebold tem visto na área bancária levam a empresa a aventurar-se em novos nichos e priorizar outros, em que sua atuação ainda tímida. "O Brasil está crescendo muito e, em alguns casos, serve até de base para desenvolvimento tecnológico", disse.

De acordo com o diretor da Diebold, um exemplo da vocação da empresa para desenvolver grandes projetos para o setor público é justamente a fabricação das urnas eletrônicas para o TSE: das 480 mil urnas em mãos do governo brasileiro, 450 mil levam o nome Diebold, explicou o executivo. "É um projeto complexo porque as urnas não podem apresentar erros", completa. Outro exemplo de projeto desenvolvido pela Diebold para o setor público são os terminais de atendimento das casas lotéricas e os caixas eletrônicos da Caixa Econômica Federal. "Entramos nesse negócio quando a Caixa resolveu trabalhar com diversos fornecedores de tecnologia", disse ele, ao DCI.

Ao apostar em uma nova estratégia de negócios, saindo dos nichos, a companhia norte-americana pretende aumentar sua participação na venda de produtos e serviços para o governo e instituições privadas brasileiras.

O grupo, fundado no estado norte-americano de Ohio, chegou ao País em 1999, quando comprou a brasileira Procomp, fundada por quatro engenheiros formados pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e pela Escola Politécnica de São Paulo. Na época, a empresa já era dona de uma das melhores carteiras de clientes do setor bancário do Brasil.

Saúde

Na área de saúde, a Diebold colhe os primeiros frutos de sua investida em parceria com a Alert, fabricante de software hospitalar, no desenvolvimento do "EaaS -Everything as a Service", programa de computador para autorização e controle de atendimento hospitalar. "Já temos uma parceria com um grande hospital de São Paulo e estamos em busca de novos clientes para este serviço."

Para David Alves Melo, o grande trunfo da joint venture com a Alert é o modelo de comercialização do software, que passa a ser cobrado por consulta realizada pelo hospital. "Acho que isso é uma vantagem competitiva para nós, porque nossos clientes vão pagar apenas aquilo que eles usarem", explica Melo.

O sistema funciona como um prontuário eletrônico e concentra as informações dos pacientes, da triagem à alta. O serviço também é capaz de emitir alertas e lembretes para os médicos e permite pesquisas coletivas.

Estrutura

Para o período pós-eleitoral, está nos planos da Diebold manter ativa a fábrica de urnas eletrônicas em Santa Rita do Sapucaí (MG). Segundo Melo, o local deve funcionar como manutenção e reciclagem de caixas eletrônicos. "Começamos esse trabalho recentemente e queremos mantê-lo depois das eleições".

Além da estrutura em Minas, a companhia mantém, no Brasil, duas fábricas em Manaus (uma de equipamentos eletrônicos para os caixas e uma de cofres de segurança para os equipamentos) e sua sede administrativa, na zona oeste de São Paulo.

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