27 de out. de 2010

´BAIXO ENDIVIDAMENTO DO BRASILEIRO É MOTIVADO PELAS ALTAS TAXAS DE JUROS NO PAÍS

portal InfoMoney 27/10/2010

De acordo com um levantamento do Ministério da Fazenda, divulgado na última semana e baseado em dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e Banco Central, o endividamento das famílias brasileiras é um dos menores do mundo. No início do mês, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia afirmado que as famílias brasileiras têm potencial para aumentar, com responsabilidade e segurança, o nível de endividamento de suas finanças.

De acordo com o especialista em finanças André Massaro, as pessoas devem ter em mente que o fato de o brasileiro ser um povo pouco endividado não tem nenhuma associação com a cultura de educação financeira, muito menos da organização em administrar as dívidas.

Segundo ele, o baixo endividamento do brasileiro é motivado pelo mercado de crédito pouco desenvolvido em que ele se encontra e pelas taxas de juros no País, uma das mais altas do mundo.

“Apenas para termos um exemplo, a nossa taxa de juro básica é, no atual momento, mais de quarenta vezes maior que a taxa básica americana, e mais de dez vezes a taxa da Zona do Euro”, ressalta Massaro.

Taxas elevadas
Tomando-se como base os EUA, as taxas de juros de crédito rotativo do cartão estão em níveis historicamente altos, por volta de 14% ao ano. No Brasil, essa taxa era, em agosto de 2010, de 238,30% ao ano.

Em uma comparação com a Inglaterra, a taxa de juros para uso limite da conta especial gira em torno da casa dos 16%. Aqui, por exemplo, essa taxa estava em 136,85% ao ano durante o mês de agosto.

O consumidor que financia a compra de um veículo no Brasil também paga juros mais altos, apontou o especialista. Nos EUA, o financiamento em 36 meses rende pagamentos de 6% de juros ao ano. Em território nacional, por sua vez, um carro financiado pelo mesmo período paga entre 1,5% e 2% ao mês.

"O endividamento das famílias no Brasil pode ser baixo, mas sendo o Brasil um dos países com juros mais altos do mundo, não poderia ser diferente. Se o endividamento do brasileiro subir mais, ele ainda será baixo pelos padrões internacionais, mas as pessoas terão de vender a própria alma para dar cabo dos juros", pondera o especialista.

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