jornal Valor Econômico 22/10/2010 - Adriana Cotias
Depois de fincar os pés no cobiçado mercado chinês como a primeira empresa estrangeira a ter licença para fazer a captura de transações com cartões de crédito e débito naquele país, atividade conhecida como adquirência, o Brasil será o próximo porto da americana Global Payments, com faturamento anual de US$ 1,6 bilhão. Foi na recente quebra da exclusividade de captura da Cielo com a bandeira Visa que a companhia identificou o país como oportunidade única para adicionar a América do Sul à sua geografia. Em teleconferência de resultados, o presidente da empresa, Paul Garcia, revelou que a companhia se uniu a um banco no país, com significativa experiência em meios de pagamentos, e com um time de gestão pronto para tocar o negócio. Os acordos operacionais estão em vias de ser assinados.
Procurada, a Global Payments não atendeu o pedido de entrevista. A histórica parceria da empresa com o HSBC nessa área em diversos países suscita especulações de que a subsidiária do grupo inglês seria o tal parceiro. Numa apresentação da adquirente no início do ano, entre os mercados considerados como alvos aparecia a América do Sul, com o nome do HSBC estampado no quadro dedicado à região. Mas o HSBC fechou, em maio, acordo de preferência para credenciar lojistas em nome da Cielo. Por meio de sua assessoria de imprensa, a instituição informou que a Global Payments é parceira no exterior, mas não no Brasil.
Em junho do ano passado, o HSBC vendeu sua fatia de 49% na HSBC Merchant Service (HMS) para a Global Payments por US$ 307,7 milhões, mas selou, paralelamente, acordo de dez anos para continuar direcionando seus clientes no Reino Unido para a empresa. Eles ainda têm parcerias nos Estados Unidos e no Canadá, além de uma "joint venture" na Ásia, que abrange 11 países. Mesmo na recente incursão na China, o casamento foi com o grupo inglês.
A aquisição de portfólios de bancos na área de adquirência sempre foi uma estratégia adotada pela empresa nos seus planos de expansão fora dos EUA. Mas, no Brasil, Garcia disse não haver carteiras significativas disponíveis. Por isso, a empresa pretende construir a sua presença no país, um mercado que considera ainda inexplorado, já que os cartões como meio de pagamentos crescem a um ritmo de 20% ao ano e devem movimentar em 2010 US$ 250 bilhões entre crédito e débito.
"Até recentemente, havia dois únicos provedores de serviços, um para Visa e outro para MasterCard. Um estabelecimento comercial que quisesse aceitar um cartão bancário não tinha escolha senão chamar um desses provedores. O governo brasileiro, esperando estimular inovação de produtos e competitividade de preços, comandou o fim do duopólio", explicou aos analistas. "Com essa finalidade, nós conseguimos um líder com significativa experiência em meios de pagamentos e estamos encaminhando esforços para estabelecer nosso patrocínio, orientação e acordos operacionais."
A previsão é de que o negócio no Brasil, já constante nas previsões de investimentos, esteja operacional no próximo ano fiscal, mas vai levar tempo para que impacte os resultados globais, disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário