jornal DCI 21/10/2010 - Fernando Teixeira
Projeção da Associação das Empresas de Cartões de Crédito (Abecs) mostra que, em 2020, o mercado de meios de pagamento eletrônico deva praticamente quadruplicar o faturamento atual e chegar a R$ 2,188 trilhões. Até 2015, cerca de 900 milhões de plásticos devem ser emitidos, o que possibilitará 15 bilhões de transações no ano.
Outro fator que anima os agentes da indústria de cartão é o fato de que a relação consumo das famílias x Produto Interno Bruto (PIB) saltará de 63,1%, em 2010; para 67,5% em 2020.
As projeções para 2010 mostram que o faturamento da indústria de cartões deve ser de R$ 534 bilhões, número 20% superior ao alcançado no ano passado, quando a indústria registrou R$ 444 bilhões.
O presidente da Abecs, Paulo Caffarelli, disse que o volume de transações deve aumentar em 16,8% e chegar a 7,131 bilhões, ante 6,105 bilhões registradas no ano passado. "O mercado cresce 20% ao ano e deve sustentar este patamar por algum tempo", afirma Caffarelli.
De acordo com o executivo, que também é vice-presidente do Banco do Brasil (BB), o número de cartões emitidos se acelerou durante o ano.
Ele projeta que até dezembro sejam emitidos 628 milhões de plásticos ante 565 milhões no ano passado - 11% mais que em 2009.
Um dos fatores para o otimismo é à classe não bancarizada, que, hoje, corresponde a aproximadamente 40% da população brasileira. "Muitas vezes quem não tem conta corrente usa o cartão de crédito como forma de portar dinheiro e parcelar compras", enfatizou o presidente.
Além dos não bancarizados, o Caffarelli destacou o aumento do "público potencial": os migrantes das classes D e E. Hoje, segundo a Abecs, 'apenas' 49% das pessoas com cartão de crédito no Brasil estão nas classes C, D e E.
Mercado
Além de dobrar o tamanho do mercado, o presidente da Abecs, Paulo Caffarelli, acredita que novas bandeiras e novos adquirentes ingressem no mercado nos próximos anos. "No setor de recebimentos eletrônicos temos a Cielo, RedeCard, Santander/GetNet e outras empresas menores. Em termos de bandeira temos a Visa e MasterCard, Dinner's e American Express; além de bandeiras regionalizadas. Devemos ter novos atores, em breve."
Contudo, ressalta, novas empresas podem enfrentar obstáculos para se instalar no Brasil. "Será que ele terá tempo para cadastrar 1,5 milhões de pontos como tem a Cielo? Pode ser um adquirente recebendo pela prestação de serviços a outra marca?"
Para ele, a consequência de novos entrantes é a queda de taxas para a prestação de serviços, conveniência e mais segurança.
Cartões
Quanto ao apetite de mercado da bandeira de cartão de crédito ELO - gerida em conjunta entre BB, Bradesco e Caixa Econômica Federal - o executivo acredita que em 5 anos, a marca alcançará a fatia de 15%. Para Ivo Vieitas, diretor da Abeces e presidente da Hipercard (gerida pelo Itaú Unibanco), os números da ELO não assustam. "A ELO terá seu espaço e público, mas não sei se é factível os 15% almejados. Acho saudável ter metas", analisou a questão.
Hoje, a bandeira do Itaú detém quase 8% de mercado. Contudo adia planos para ter mais emissores além do próprio banco. "Pode acontecer um dia, hoje, não está nos planos. Ele tem força para ser emitida por mais gente. Obviamente dependerá das decisões do grupo."
A bandeira Hipercard já tem 14 milhões cartões emitidos e aceitação em 490 mil estabelecimentos, sendo 40 mil deles agregados após convênio com a RedeCard. Quando a credenciar o Hipercard com a Cielo, a maior do mercado, para aumentar a penetração do produto, Vieitas disse que existe a possibilidade. "Quando falamos passar o cartão por uma rede, temos de lembrar que existem muitos itens técnicos, como evitar fraudes e regular softwares."
Para ele, a tendência é passar o Hipercard em mais de 1,3 milhão de estabelecimentos (número de estabelecimentos credenciados pela Cielo, a maior do mercado), "mas, antes, devemos reforçar onde somos mais aceitos. Se não a máquina fica esperando sem passar compras."
Hoje, a marca de crédito do Itaú é aceita em 19 estados e o faturamento cresce acima de 30% ao ano desde 2005. "Mais da metade do faturamento é originado em regiões fora do nordeste, onde a bandeira nasceu nos anos 70. O Walmart e operações de telemarketing fazem a venda do cartão", destacou o executivo.
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