jornal O Estado de S. Paulo 13/10/2010 – Clayton Netz
O pagamento em dinheiro vivo ainda é o meio preferido por 55% dos consumidores brasileiros, que devem gastar R$ 2,2 trilhões em 2010.
No entanto, essa hegemonia tende a acabar na próxima década: segundo estudo realizado pela consultoria Boanerges & Associados, de São Paulo, a participação dos pagamentos feitos em dinheiro deverá reduzir-se a 38% em 2020.
Nesse caso, a liderança nos meios de pagamento passará a ser ocupada pelo cartão de crédito, que representará 43% dos R$ 3,7 trilhões destinados ao consumo no País naquele ano. Trata-se de um crescimento de 70% em relação à participação atual do cartão, que representa um quarto do total de transações efetuadas pelos consumidores no País.
Da mesma forma, o uso do cheque bancário também continuará definhando, chegando a apenas 3% do volume total, a metade do registrado atualmente no Brasil.
Segundo o estudo da consultoria, o desempenho mais expressivo em termos relativos é o do chamado cartão pré-pago, que hoje responde por 4% do valor das transações, com R$ 89 bilhões. Daqui a dez anos, a fatia aumentará para 10%.
Embora ainda fortemente dependente dos gastos feitos pelos brasileiros com aparelhos celulares, a modalidade deverá ser alavancada pela popularização das demais formas de pré-pagos, prevê a consultoria.
"Hoje, o celular pré-pago representa 37% dos gastos", diz Boanerges Ramos Freire, da Boanerges & Associados e presidente do capítulo brasileiro do Fórum Internacional de Pré-pagos (Prepaid International Forum, na denominação em inglês). "Daqui a dez anos, essa participação deverá ter caído para apenas 14%."
Entrada. Nessa época, segundo o estudo, os 86% restantes deverão ser canalizados para opções como os cartões viagem, de transportes, presentes, saúde e de remessa de valores, adquiridos pelos consumidores, além dos oferecidos pelas empresas (vale- transporte e alimentação, cartão de combustíveis e vale-cultura) ou pelo governo (Bolsa-Família e seguro-desemprego, entre outros).
"Além de facilitar o controle de gastos, o pré-pago é um instrumento de inclusão eletrônico-financeira", diz Ramos Freire. "É uma porta de entrada para outros serviços, como o próprio cartão de crédito."
Para Ramos Freire, as perspectivas de crescimento do pré-pago estão atraindo os grandes grupos do setor e do varejo. Nomes como Visa, Mastercard, Ticket, VR, Banco PanAmericano e Carrefour já integram o Fórum Internacional de Pré-pagos.
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