4 de ago. de 2011

MARCAS DROGASIL E DROGA RAIA VÃO BUSCAR IDENTIDADES DISTINTAS

jornal O Estado de S.Paulo 04/08/2011 - Fernando Scheller

A união das redes Droga Raia e Drogasil criará a maior rede de farmácias do País, com mais de 700 lojas e 8,3% de domínio de mercado. Mas a estratégia, ao contrário do que ocorre na maioria dos negócios do gênero, é manter as duas marcas ativas: por isso, os dois lados já trabalham em estabelecer identidades claras - e distintas - para as redes. Assim, dizem especialistas, diminui a chance de "canibalização", e o grupo pode se dar ao luxo de ter duas lojas próximas atendendo a perfis diferentes de clientes.

Embora a união das duas empresas - que criou uma gigante de R$ 4,1 bilhões de faturamento -tenha sido estabelecida com base no perfil complementar das redes, a tendência agora é buscar a segmentação das marcas. Segundo Antonio Carlos Pipponzi, da Droga Raia, que assume o conselho de administração, já é possível identificar alguns pontos de distinção: "A Drogasil, mais antiga em São Paulo, é voltada a um público mais sênior. Já a Droga Raia é mais forte entre as mulheres de 40 anos",

Para Claudio Roberto Ely, da Drogasil e agora presidente executivo da nova empresa, a separação das marcas também tem caráter geográfico: embora ambas tenham forte presença em São Paulo, a expansão para outras regiões foi para lados opostos: a Raia apostou principalmente no Sul, enquanto a Drogasil migrou para o Centro-Oeste. "Mesmo em Minas Gerais, onde as duas redes estão presentes, uma apostou mais na capital, enquanto a outra foi mais para o interior", ressalta Ely.

Identidade. Para Alberto Serrentino, sócio sênior da consultoria em varejo GS&MD - Gouvêa de Souza, é essencial que a rede reforce essas diferenças, com perfil de público distinto para Drogasil e Droga Raia. "Como o mercado de farmácias ainda é muito pouco consolidado, é possível para um só grupo crescer com duas marcas com propostas diferentes", ressalta. Segundo o especialista, a principal armadilha nesse processo "é ter duas lojas fazendo a mesma coisa, mas com nomes diferentes".

Caso a criação de imagens distintas para Drogasil e Droga Raia tenha sucesso, diz Serrentino, será possível para a empresa tirar proveito de dois pontos comerciais próximos, sem necessidade de abrir mão de um deles. Por enquanto, a nova líder do mercado nacional quer evitar o fechamento em massa de lojas. Pipponzi afirma que, por enquanto, só foram identificadas cerca de 18 unidades que deverão ser desativadas. "Temos de ser cuidadosos, pois, quando se fecha uma loja, não há garantia de que o público vá migrar para outra."

Outra tendência é o crescimento da área de higiene, beleza e cosméticos. Ely diz que, há 13 anos, esses itens representavam 23% do faturamento da Drogasil, e em 2011 essa fatia já havia subido para 30%. "Esses itens sumiram das lojas de departamento, e a farmácia ganhou a preferência do consumidor neste tipo de compra", diz o executivo.

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