11 de mai. de 2011

NO AZUL, IBI REÚNE ALIANÇAS NO VAREJO DO BRADESCO

jornal Valor Econômico 11/05/2011 - Adriana Cotias

Pouco mais de um ano depois de comprar o Banco Ibi da rede de varejo C&A por R$ 1,4 bilhão, o Bradesco transformou um negócio deficitário, que deu prejuízo de R$ 449,8 milhões em 2009, em uma operação rentável, com lucro líquido de R$ 530,9 milhões em 2010 e com um retorno sobre o patrimônio líquido de 21,5%, acima até ao do próprio banco, de 20,4%, no mesmo exercício.

Na estrutura atual do conglomerado, o Ibi tem servido ao propósito de acomodar as parcerias com o varejo e também a via para o Bradesco engordar a participação da área de cartões nas receitas de prestação de serviço. Depois de ter perdido a disputa para o Itaú Unibanco na aquisição de 49% da financeira do Carrefour, o mais recente acordo selado foi com a rede cearense de drogarias Pague Menos.

A virada no resultado decorreu, principalmente, da recuperação de créditos inadimplentes, que pesaram no desempenho do Ibi em 2009, após a deterioração que se seguiu à quebra do americano Lehman Brothers, no segundo semestre de 2008, conta o diretor-geral da Bradesco Cartões, Marcelo Noronha. Na crise, a inadimplência chegou a bater o pico de 9%.

O Bradesco arrumou a casa, alinhou a provisão de devedores duvidosos às políticas da instituição e deu gás à operação que precisava de capital para voltar a ganhar velocidade. A carteira de crédito ainda não respondeu a isso: ao fim de 2010 reunia ativos de R$ 4,3 bilhões, com expansão de 6,8% em relação ao ano anterior. Quando o Bradesco acertou a compra do Ibi, em novembro de 2009, os ativos de crédito somavam R$ 5,3 bilhões.

Segundo Noronha a unificação das parcerias com o varejo debaixo do Ibi se deve ao fato de a plataforma operacional do Ibi, que nasceu dentro da C&A, ser mais flexível e facilmente replicável. "Quando há uma nova loja, a capacidade de implementação é rápida, é possível adaptar e gerar modelos de crédito de acordo com o perfil regional e dos clientes", diz. "O público, numa loja de Aracaju (SE), em Barueri (SP) ou na Rocinha (RJ) é diferente, e o risco também."

Com uma estrutura que já era verticalizada na área de cartões, englobando emissão, credenciamento de lojistas (por meio da Cielo), processamento (Fidelity), o Bradesco tem agora levado na mesa de negociações com o varejo não só as bandeiras Visa, MasterCard e American Express, mas também a Elo, nas modalidades crédito, débito e toda uma família de pré-pagos.

"Olhando à frente, temos ferramentas para expandir as parcerias atuais e selar novos acordos", diz Noronha. "O banco tem crescido organicamente e por meio de aquisições (na área de financiamento ao consumo), mas não comprou nenhum banco de rede", diz Noronha, fazendo menção indireta ao concorrente Itaú Unibanco, líder em cartões, com a maior base de crédito do mercado brasileiro, estimada em 30 milhões.

No portfólio de financiamento ao consumo do Bradesco, de R$ 78,2 bilhões ao fim de março, 21%, o equivalente a R$ 16,5 bilhões, referiam-se a cartões, sendo R$ 2,2 bilhões do Ibi.

No primeiro trimestre, as rendas com cartões do Bradesco somaram R$ 1,2 bilhão, com uma contribuição de 32,9% no bolo de receitas de serviços do banco, em comparação aos 32,4% do quarto trimestre ou aos 31,1% dos três primeiros meses de 2010. Só o Ibi, no ano passado, tinha arrecadado R$ 416,3 milhões com anuidades, tarifas e comissões.

Comparativamente, o Itaú arrecadou entre janeiro e março o equivalente a R$ 1,7 bilhão com cartões de crédito (cálculo que inclui anuidades e aluguel de máquinas de captura), 37,9% do total de serviços. A maior participação relativa tem relação com as parcerias com varejistas, portfólio com como Pão de Açúcar, Magazine Luiza, Lojas Americanas, Marisa, além do próprio Carrefour.

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