6 de jan. de 2011

AOS 80, DONO DA COLOMBO CONTRATA EXECUTIVO, MAS FICA NA ATIVA

portal iG 06/01/2011 - Claudia Facchini

Quarta maior rede de eletrodomésticos e móveis do Brasil, a varejista gaúcha Colombo não se deixou abater pela onda de fusões e aquisições entre os seus grandes concorrentes.

A líder do setor, a Casas Bahia, de São Paulo, juntou-se ao arqui-rival e vice-líder do ramo, o Ponto Frio, do Rio de Janeiro; a Insinuante, da Bahia, aliou-se à rede Ricardo Eletro, de Minas Gerais, e ambas criaram a Máquina de Vendas, enquanto o Magazine Luiza, do interior paulista, vem buscando aquisições – a última delas foi a Lojas Maia, da Paraíba.

Adelino Colombo, que fundou a rede em 1959, completa 80 anos: sem planos de se aposentar

Mas a dúvida é até quando a Colombo, que faturou cerca de R$ 1,5 bilhão em 2010, conseguirá permanecer no ringue com competidores cada vez mais musculosos. Há cinco anos, Adelino Colombo, controlador da rede, chegou a negociar uma associação com a varejista mexicana Elektra, mas o acordo não foi adiante porque o empresário gaúcho não abriu mão de ser majoritário e continuar no controle.

Desde então, surgem com frequência especulações de que a Colombo estaria prestes a ser vendida, ora para o Magazine Luiza ora para a Máquina de Vendas, mas essas conversas de bastidores são negadas pela empresa.

Hoje, a rede possui 342 lojas distribuídas pelo Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais.

Adelino Colombo, que fundou a rede na cidade de Farroupilha em 1959, completou 80 anos no fim de dezembro, mas não tem intenção de jogar a toalha - como fazem os boxeadores quando desistem da luta - e colocar o pijama. “Parar, nem pensar”, diz Adelino, que conta estar com os check-ups em dia, que faz ginástica com frequência e que caminha trinta minutos três vezes por semana assistido por um preparador físico particular.

Novo executivo

Mas o empresário está reduzindo o ritmo de trabalho. Há cerca de três meses, Adelino contratou um braço-direito, Gustavo Courbassier, de 48 anos, que assumiu o cargo de diretor-superintendente da varejista. Mas permanece na presidência e no comando dos negócios.

Courbassier já era próximo de Adelino Colombo, embora não tenha feito sua carreira no varejo, e sim do mercado financeiro. O executivo era o representante do Bradesco na Crediare, o braço financeiro da Colombo. O banco é sócio da financeira da varejista, com 50% de participação, há cerca de cinco anos.

“Preferi trazer alguém que não fosse de outra rede; alguém que pudesse dar continuidade à política da companhia, sem mágicas, que trabalhe para que a empresa seja rentável”, afirma Adelino.

A primeira tentativa de profissionalização do comando da Colombo não foi bem-sucedida. Em 2006, Adelino contratou como superintendente o homem de confiança do Magazine Luiza na época, Eldo Moreno. Naquele momento, a rede gaúcha intensificava a concorrência com a varejista paulista no interior de São Paulo e a iniciativa de Adelino gerou comentários no mercado varejista. Mas a permanência de Moreno na empresa foi breve.

Outra varejista que também escolheu um executivo de finanças para presidir os negócios foi o Grupo Pão de Açúcar, que nomeou o seu diretor financeiro, Enéas Pestana, para o cargo.

Sucessão

Adelino nega ter interesse em abrir o capital ou se associar a um concorrente. Os herdeiros de suas ações, afirma, são seus quatro filhos.

“Essa é uma empresa de um dono só. Como dizia o Samuel Klein, quem tem sócio tem patrão”, afirma o empresário, citando o legendário fundador da Casas Bahia. Adelino mantém-se fiel ao lema de um de seus contemporâneos. Os herdeiros da Casas Bahia, porém, foram seduzidos pela proposta de sociedade feita por Abilio Diniz, acionista do Grupo Pão de Açúcar, dono do Ponto Frio, em 2009

O próprio Adelino já teve um sócio, Miguel Ângelo Maggioni, com o qual não mantinha um bom relacionamento. Após desentendimentos, Adelino comprou em 2005 a participação de 43% do empresário na companhia, encerrando os conflitos societários que dificultavam a gestão da empresa.

Expansão

Nos últimos 50 anos, Adelino vivenciou todas as transformações do mercado consumidor brasileiro, desde a era Kubistchek. Foi ele quem trouxe e vendeu os primeiros televisores de Farroupilha. Pessoas se aglomeravam em frente à porta de sua loja para conhecer a grande novidade tecnológica. E sobreviveu a várias crises econômicas, sem deixar de expandir o número de lojas.

Há dez anos, a Colombo faturava cerca de R$ 580 milhões. Em 2010, quando a varejista cresceu 15% em relação a 2009, as vendas aproximaram-se de R$ 1,5 bilhão. Após a forte expansão do consumo nos últimos anos, Adelino agora acredita que as taxas de crescimento já não serão mais tão robustas. Para 2011, ele projeta um aumento das vendas em torno de 5% e 6%.

Depois de chegar na última década ao Estado de São Paulo, pelo interior, a varejista gaúcha está também abrindo agora lojas na capital paulista. Em dezembro, a Colombo abriu uma unidade no novo shopping do grupo BR Malls na cidade, o Granja Vianna. “Vamos continuar inaugurando lojas em shoppings”, diz Adelino. Mas o ritmo de aberturas irá depender da oferta de empreendimentos.

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