16 de nov. de 2011

CRESCE OFERTA DE SISTEMAS PARA EVITAR FRAUDES E RISCOS

jornal Valor Econômico 31/10/2011 - Inaldo Cristoni

Fazer compras pela internet é sinônimo de agilidade e comodidade, mas a segurança ainda representa uma grande barreira para o comércio eletrônico no Brasil. As fraudes são apontadas como as principais responsáveis pela mortalidade das pequenas e médias lojas de venda pela internet e isso ocorre por causa da baixa percepção de risco dos empreendedores. A única forma de fechar os pontos de vulnerabilidade, e evitar prejuízos, é utilizar sistemas de gestão de risco e antifraude.

No mercado podem ser encontradas diversas ferramentas para controle de risco e proteção dos negócios online, os quais têm como um dos grandes apelos a automatização da análise de risco, para agilizar o processo. A mensagem que valida ou sugere negar o pedido de compra é transmitida em tempo real ao lojista.

Com recursos de redes neurais e inteligência artificial, os sistemas disponíveis utilizam modelos estatísticos para analisar o comportamento de compra dos clientes, classificar os riscos dos pedidos e autenticar a transação comercial. Ao menor indício de fraude, a compra é bloqueada.

As oportunidades de negócios para as empresas que desenvolvem essas soluções são promissoras. O comércio eletrônico está em ascensão no Brasil, movimentando grandes somas em dinheiro por ano. Por outro lado, há um número considerável de empreendimentos de micro e pequeno porte - cerca de 12 mil de um total de 60 mil lojas virtuais em atividade, que apresentam fluxo de até 500 pedidos por mês, segundo dados da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico - que não está atento ao perigo da fraude.

Além disso, no comércio eletrônico lojistas e compradores estabelecem uma relação de confiança entre si, acrescenta Bernardo Lustosa, diretor da ClearSale. Na internet, 80% das compras são feitas com cartão de crédito. Basta o e-consumidor informar os dados do cartão para fechar negócio. Como não existe a possibilidade de digitar senha, a possibilidade de fraude é grande.

Especializada em autenticação e gestão de risco em compras pela internet, a ClearSale registrou em 2010 faturamento de R$ 16,9 milhões e tem a expectativa de atingir um volume de R$ 30 milhões este ano. Os sistemas de gestão de risco da empresa aprovam 80% dos pedidos automaticamente e o restante segue para análise humana. "Se necessário, o lojista entra em contato com o cliente para confirmar os dados e liberar a compra. Em caso de suspeita de fraude, o sistema bloqueia a venda", explica Lustosa.

O carro-chefe dos negócios é o TClearSale, responsável por 65% das vendas. O portfólio inclui o sistema AClearSale e o M-CS. As vendas deste último são direcionadas às empresas que hospedam sites de comércio eletrônico. Voltado para a microloja virtual, o M-CS permite a visualização do risco do pedido, não exige taxa de adesão e nem cobrança de mensalidade. Após a classificação da compra, o lojista cadastrado tem a opção de consultar os dados e o histórico do comprador ou encaminhar o pedido para avaliação do ClearSale, serviço cobrado a parte.

Na C&M Software, o sistema Neural Risk Personal Sale representa apenas 10% do faturamento, mas a empresa, que contabiliza mais de 60 lojas virtuais na carteira, dos quais 80% são de pequeno e médio portes, planeja dobrar essa participação no período de três a quatro anos. Para atingir a meta, o presidente Orli Machado aposta nas características do produto. Além de identificar a probabilidade de fraude em uma operação de compra, operação feita sem intervenção humana, o sistema tem uma funcionalidade de recuperação de venda (Recovery Sale), que automaticamente entra em contato com o comprador para solicitar o uso de outro meio de pagamento caso o limite de seu cartão de crédito esteja estourado.

Segundo Machado, novas funcionalidades, mantidas em sigilo, serão integradas. A primeira será anunciada a partir de novembro. Machado, diz que o sistema permitirá a validação de compras na internet feitas pelos turistas estrangeiros que virão ao Brasil para assistir à Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016.

Na estratégia para aumentar a participação no mercado, algumas empresas decidiram integrar seus sistemas de gestão de risco à plataforma de meio de pagamento eletrônico. Foi o que fizeram, por exemplo, a BuscaPé Financial Service (BFS), divisão do grupo BuscaPé, e a PayPal, pertencente ao eBay.

A BFS incorporou outras soluções de seu ecossistema em um único pacote, sem custos adicionais. O lojista virtual cadastrado no Pagamento Digital tem a sua operação protegida pelo sistema de gestão de risco e antifraude FControl e, de quebra, leva um módulo de marketing digital para incrementar as vendas. O vice-presidente Marcos Cavagnoli estima em 20 mil o número de clientes dessa oferta integrada.

Segundo o executivo, a empresa busca a liderança no segmento de gestão de risco, que cresce mais que o de comércio eletrônico. "Acho que metade dos empreendimentos não usa ferramental antifraude ou não tem a solução adequada", acredita.

Com cerca de 200 milhões de sites comércio eletrônico cadastradas em nível mundial e um faturamento de US$ 97 bilhões, a PayPal chegou ao Brasil em abril deste ano também com uma estratégia agressiva para esse mercado. Atualmente, mais de 2,7 milhões de e-consumidores brasileiros utilizam o seu sistema de pagamento eletrônico, denominado PayPal proteção ao vendedor, que incorpora recursos de gerenciamento de risco das transações. "Temos 30 mil lojas de pequeno porte conectadas, mas a meta é multiplicar esse número por dez em três anos", revela o presidente Mario Mello.

Segundo ele, uma forma de contratar o PayPal proteção ao vendedor é através dos parceiros especializados em montar lojas virtuais ou, então, pela aquisição de outros produtos do portfólio da empresa aos quais o sistema está integrado. Há também a possibilidade de baixar a ferramenta gratuitamente do site da companhia.

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