jornal Brasil Econômico 02/03/2011 - Maria Luíza Filgueiras
Os maiores bancos com atividade no mercado brasileiro estão avaliando duas oportunidades de negócio, ao mesmo tempo, que podem agregar capilaridade e rentabilidade às suas operações. A primeira delas é a licitação do Banco Postal, por parte da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), e a segunda é a venda da participação da Cetelem, do Grupo BNP, no Banco CSF, do Grupo Carrefour.
Nas duas operações, o interesse está no fluxo de pessoas já existente nas unidades de supermercados e dos Correios, a capilaridade do negócio e o potencial de colocação de novos produtos. "Em linhas gerais, os dois bancos interessam a todos.
O Postal pela diversificação geográfica, já que alcança lugares em que seria de extremo custo abrir agências bancárias, e o Carrefour por ser uma financeira, já com carteira de clientes", resume João Augusto Salles, analista da banco da consultoria Lopes Filho.
Entretanto, a análise de estratégia de negócios das instituições e os nomes dos participantes na primeira audiência pública da ECT, realizada no último dia 25, indicam que a disputa do Postal deve ficar restrita aos grandes bancos de varejo e deixar mais acirrada a competição pela participação no CSF.
Ao fim e ao cabo, a definição do operador do banco dos Correios depende de quem der mais, considerando o adicional oferecido sobre os valores mínimos dados pela ECT para cada transação de depósito e consulta de conta, por exemplo. Analistas consideram que o Bradesco vai entrar pesado na disputa, para manter a administração do Postal e que, por já ter experiência com a operação, tem como vantagem saber até onde pode ir com o custo de cada transação, onde avançar e onde reduzir volume. O banco, que se orgulha de estar em todos os municípios do país, aproveitou a experiência com os correios para definir planos de expansão — onde caberia agência ou os chamados postos avançados. Essa estratégia também interessa aos concorrentes.
"A operação faz sentido para o Banco do Brasil, que já fez um movimento nessa linha, com a compra da estrutura de correspondentes bancários do Banco Lemon. Para Itaú e Santander, faz sentido para entrar de forma mais relevante nas classes C e D", avalia Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Ratings, destacando que o Itaú ainda está no processo de integração com o Unibanco e que o Santander já concluiu a integração com o Real e está capitalizado desde a oferta de ações.
No caso do CSF, a Cetelem já está avaliando algumas propostas e, para os analistas, o leque de possíveis é muito mais amplo. Aqui entram, por exemplo, Citibank, BTG Pactual (acionista do Panamericano) e HSBC. Apesar do apetite do Itaú, o banco pode encontrar restrições devido às parcerias já feitas com Grupo Pão de Açúcar e Walmart. Para o Bradesco é a chance de firmar parceria com um grande supermercadista. "Diferentemente do Postal, no CSF a clientela é mais classe média e o principal produto é o cartão, além de financiamento de fornecedores da varejista", diz Santacreu.
Considerando o múltiplo médio de venda de bancos no país, a estimativa é que a participação da Cetelem tenha valor da ordem de R$ 747 milhões. Todos os bancos citados foram procurados e, com exceção de Itaú, que confirmou interesse nas duas operações, nenhum comenta o assunto.
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