jornal Valor Econômico 31/03/2011 - Aline Lima
A iminente venda da participação de 40% no Banco Carrefour, cujo valor patrimonial é de R$ 240,5 milhões, não é a única mudança no radar da Cetelem no Brasil, financeira do grupo francês BNP Paribas. Desde a aquisição do banco BGN, em novembro de 2008, a Cetelem está às voltas com uma grande reestruturação societária que vai ajudar a eliminar duas dezenas de empresas. No desenho final, que deve ficar pronto em 2012, restarão apenas três empresas: debaixo do banco BGN ficarão a Cetelem Financeira e a Cetelem Promotora de Vendas.
Somente a conclusão da integração do banco BGN dentro do grupo BNP Paribas, no ano passado, rendeu uma economia de custos de R$ 50 milhões.
"Além de eliminarmos duplicidades, como duas áreas de RH, dois 'back offices', a ideia é também deixar mais visível o tamanho da Cetelem no Brasil", afirma Marcos Westphalen Etchegoyen, diretor presidente do BGN Cetelem. "Somos pequenos no varejo financeiro brasileiro, mas entre os médios estamos entre os maiores."
Juntos, BGN e Cetelem encerraram 2010 com R$ 7,15 bilhões em ativos e patrimônio líquido de R$ 1,2 bilhão - a matriz fez aportes da ordem de R$ 600 milhões. Mas os resultados, divulgados hoje, ainda são contabilizados em balanços separados.
O banco BGN reverteu um prejuízo de R$ 20,5 milhões em 2009 para apresentar, em 2010, lucro líquido de R$ 81,7 milhões. A carteira de crédito de R$ 2 bilhões, que tem o consignado como carro-chefe, apresentou crescimento de 34%. Mas contribuiu também para a virada de resultado uma apuração de receitas de R$ 63,9 milhões referentes a participações em coligadas e controladas - e aí estão incluídas as atividades do Banco Carrefour e da empresa de leasing.
Questionado sobre os impactos da iminente venda da participação no Banco Carrefour nos resultados do BGN, Etchegoyen ressalta que a saída de qualquer ativo será compensada. "É para isso que estamos trabalhando e investindo nesses últimos dois anos e meio", diz. "Haverá substituição de receita."
A Cetelem teve prejuízo de R$ 1,3 milhão em 2010. Desde 2008, a empresa vem renegociando seus acordos comerciais com varejistas e conseguiu reduzir o número de parcerias em 75%, para 85 acordos. "Eram estabelecimentos dispersos e pequenos, não poderíamos atendê-los bem", explica Franck Vignard Rosez, diretor executivo de finanças e de TI. Continuam com a Cetelem nomes do varejo como Submarino, Telha Norte, FNAC e Fast Shop.
A estratégia, obviamente, fez diminuir sua carteira de crédito. "Voltamos a crescer a partir de maio e fechamos o ano com R$ 600 milhões a mais na carteira de crédito", conta Rosez. O saldo da carteira é de R$ 4,1 bilhões. Mas se a "faxina" afetou as concessões, por outro lado, melhorou a qualidade da carteira. O saldo das provisões para devedores da Cetelem caiu de R$ 81 milhões, no fim de 2009, para R$ 73 milhões, no fim de 2010.
Com a reestruturação que está sendo promovida tanto no desenho societário como nas operações, os executivos acreditam que Cetelem e BGN poderão ganhar mercado. Em janeiro e fevereiro, as operações com cartão foram 39% superiores ao mesmo período de 2010 e, no consignado, a expansão foi de 53% no mesmo período.
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