28 de mar. de 2011

FIBRA TEM DESPESA EXTRA DE R$ 57 MILHÕES COM VAREJO

jornal Valor Econômico 28/03/2011 - Aline Lima

O Banco Fibra, do grupo Vicunha, apresentou no segundo semestre de 2010 uma despesa extraordinária de R$ 57 milhões, relacionada basicamente às atividades de varejo, intensificadas a partir de 2009 com a chegada de Antonio Francisco Lima Neto para presidir a instituição. Por conta desse gasto, o Fibra apresentou prejuízo no segundo semestre de R$ 28 milhões e, no ano, um lucro modesto, de R$ 3,74 milhões - 85% inferior ao de 2009. Procurado, o banco informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria.

O relatório da administração contido no balanço anual do Fibra informa serem três os motivos principais dessa despesa extra: 1) investimentos em projeto de cartão de crédito além de despesas de incorporações e expansão de sua financeira, a Credifibra, que totalizaram R$ 31,9 milhões; 2) incorporação das promotoras de venda GVI e GVCred (antiga Sofcred, que pertencia ao Sofisa) pela Credifibra, com simplificação da estrutura societária, melhoria de controles e aproveitamento de sinergias, que custou R$ 17,3 milhões; 3) provisões para contingências cíveis no montante de R$ 7,8 milhões.

Parte dessas despesas é tratada como investimento. São esperados com a incorporação da antiga Sofcred, nos próximos anos, benefícios superiores R$ 8 milhões anuais, segundo a mesma nota da administração. A direção do banco ressalta ainda que "os fortes investimentos realizados pavimentam e antecedem o fluxo de receitas que esses negócios gerarão, sendo que, já em 2011, as margens do Fibra apontam para importante crescimento, com o aumento das carteiras e a estabilização dos investimentos no varejo".

Não está claro no relatório, mas a aquisição da Validata, empresa processadora, emissora e adquirente de cartões de crédito, feita em setembro, deve estar incluída nas despesas de "investimentos em projeto de cartão", que totalizaram R$ 31,9 milhões.

Já as provisões de R$ 7,8 milhões para contingências cíveis dificilmente terão volta, uma vez que elas são contabilizadas com base numa avaliação de perda provável. São ações indenizatórias movidas normalmente por consumidores pessoas físicas que cobram danos morais e materiais decorrentes, principalmente, de processos de cobrança de dívidas.

Em dezembro, a carteira de crédito do Fibra atingiu R$ 7,9 bilhões, com crescimento de 43% em relação a 2009. Desse volume, 34% correspondem às operações de varejo. A perspectiva é que, no médio prazo, a participação do varejo no saldo seja equivalente à participação das operações para empresas.

O Fibra discute no momento com seus acionistas a realização de um aumento de capital de R$ 154 milhões. O IFC, que já conta com participação de 7,9% do capital social do banco, vai apresentar proposta para participação nesse novo aumento de capital (que poderá mobilizar fundos de terceiros) ao seu conselho de administração. Se aprovado, o aumento elevará a posição acionária de investidores minoritários para cerca de 20% do capital social do Fibra.

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