jornal Valor Econômico 15/03/2011 - Adriana Cotias
A Lojas Americanas (Lasa) vai embolsar R$ 10 milhões pela revisão do acordo selado com o Itaú Unibanco na Financeira Americanas Itaú (FAI), operação conjunta constituída em 2005, mas que ainda roda no prejuízo.
A renegociação visou restabelecer o equilíbrio da parceria, em virtude do aumento de oportunidades de negócios promovidos pela 'joint venture', segundo o diretor de controladoria do Itaú Unibanco, Rogério Calderon, sem dar mais detalhes a respeito da operação. Além do aporte, por um período de cinco anos, o Itaú Unibanco se compromete a pagar, trimestralmente, compensações adicionais à varejista, caso não sejam atingidas condições de rentabilidade mínima na financeira. "Se a geração de negócios for superada, fazemos compensações adicionais e se não, estabelecemos uma remuneração mínima", explicou o executivo. O prazo de validade da associação foi mantido em 2026.
A FAI nasceu com capital inicial de R$ 80 milhões, dividido meio a meio. Na época, o Itaú injetou R$ 240 milhões no negócio, sendo R$ 200 milhões na forma de ágio, enquanto a Lojas Americanas desembolsou outros R$ 40 milhões.
Pelos dados referentes ao terceiro trimestre da Lojas Americanas, em setembro, a FAI tinha 2,7 milhões de cartões emitidos, sendo 2,2 milhões "private label" (marca própria) e 453 mil plásticos com bandeira. O mix da carteira era composto por 3,8% de operações de empréstimo pessoal e 96,2% de cartões. Um ano antes, os empréstimos respondiam por 13,6% e os cartões por 86,4%. Ao fim de setembro, 15% das vendas realizadas na rede, nas lojas físicas ou na internet, tinham os cartões da parceria Lojas Americanas e Itaú como forma de pagamento.
Contudo, o negócio da FAI ainda não aparecia no azul, com prejuízo de R$ 15,112 milhões no acumulado até setembro, segundo os resultados trimestrais disponíveis no Banco Central (BC). Ao que tudo indica, ao longo da parceria, o Itaú tem encontrado problemas na originação dos créditos feitos nas unidades da Lojas Americanas e foi por conta disso que o financiamento via cartões passou a ser carro-chefe na FAI. A nova estratégia foi adotada a partir de 2008, quando a operação gerou prejuízo de R$ 79,588 milhões. Em 2009, as perdas totalizaram R$ 50,418 milhões.
Da carteira total, de R$ 944,2 milhões em setembro de 2010, 21,7% das operações estavam classificadas entre "D" e "H", nas piores notas de risco de uma escala de nove níveis, conforme determina a resolução 2.682 do BC. Na pior faixa, havia um saldo de R$ 110,9 milhões. As provisões para créditos de liquidação duvidosa somavam então R$ 146,890 milhões.
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