31 de mar. de 2011

DEPOIS DA URNA ELETRÔNICA, DIEBOLD AVANÇA TAMBÉM NO SISTEMA FINANCEIRO

jornal Brasil Econômico 31/03/2011 – Carolina Pereira

Desde que a brasileira Procomp foi comprada pela americana Diebold, em 1999, a operação nacional sempre se destacou no balanço anual da companhia. Este ano, o resultado foi recorde, de acordo com o presidente da filial nacional, João Abud Junior. Com crescimento de 27,3%, a empresa alcançou faturamento de R$ 1,4 bilhão no país. O resultado representa cerca de 30%da receita mundial, que foi de US$ 2,8 bilhões (R$ 4,65 bilhões) no ano passado, o que faz do Brasil o principal mercado fora dos Estados Unidos.

Um dos impulsionadores do resultado no Brasil foi a venda de urnas eletrônicas, que atualmente são fabricadas pela Diebold. Mesmo assim, neste ano Abud afirma que a expectativa é que a receita se mantenha no mesmo patamar. A encomenda do governo normalmente acontece a cada dois anos, mas 2011 está sendo exceção à regra por conta da substituição das urnas convencionais pelas que possuem o sistema de identificação biométrica.

Em 2008, de forma experimental, a urna biométrica foi utilizada no cadastro de eleitores de três municípios do país. A expectativa do governo é que, em prazo máximo de oito anos, as eleições brasileiras sejam totalmente realizadas com identificação biométrica do eleitorado. No ano passado, as 195mil unidades vendidas pela Diebold responderam por cerca de 13% da receita total do ano na empresa. “Mesmo não sendo um ano eleitoral, temos 117mil urnas encomendadas ”, informa Abud.

A encomenda de urnas, no entanto, não seria suficiente para manter a receita de R$ 1,4 bilhão, atingida no ano passado. Por isso, outra aposta para manter o faturamento é o aquecimento do mercado bancário. “A concorrência está muito grande, os bancos estão investindo na abertura de novas agências”, diz Abud. No ano passado a empresa vendeu cerca de 16 mil ATMs (sigla para caixas eletrônicos). Apenas um dos clientes da Diebold, o Bradesco, trocou seis mil máquinas por conta da implementação do sistema biométrico, que identifica o cliente pelas veias da palma da mão, de acordo com Abud. O objetivo é tornar os equipamentos mais seguros e evitar roubos.

Tudo indica que o Bradesco, um dos principais clientes da Diebold, continuará investindo em caixa eletrônico com força este ano. Segundo Maurício Minas, diretor executivo do banco, o objetivo da empresa é que os terminais biométricos cheguem a 100% das agências “o mais rápido possível”. Atualmente, estes novos terminais equivalem a dois terços do total, o que representa cerca de 20 mil terminais, “mas em qualquer agência existe pelo menos um ATM deste tipo”, diz Minas. O executivo afirma que três milhões de clientes já tiveram a palma de suas mãos cadastradas para utilizar o recurso.

Operação mundial

No mundo, o crescimento da Diebold, que atua em 88 países, em 2010 foi de 3,8%. Segundo Abud, o mercado bancário americana esteve “praticamente parado” nos últimos dois anos e está retomando investimentos em 2011, principalmente por conta da necessidade de instituir o depósito eletrônico de cheque e dinheiro.

Agora, os bancos americanos precisam instituir o depósito sem envelope, como acontece no Brasil, e atualizar os caixas para que “leiam” as notas e cheques automaticamente.

Digitalização de cheques abre novo mercado

No Bradesco, cerca de 80% das informações com as quais a instituição precisa lidar diariamente são não estruturadas, por exemplo, fichas para abertura de contas ou mesmo cheques que são preenchidos a mão. Para resolver o problema e facilitar a inclusão destes papeis nos sistemas do banco, a instituição até agora já adquiriu 5 mil scanners para serem usados nas agências com o objetivo de digitalizar documentos, afirma o diretor executivo do banco, Maurício Minas.

O projeto, coordenado pela CPM Braxis Capgemini, visa também a atender uma orientação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que vai estipular regras para a chamada truncagem de cheques, ou seja, digitalização das imagens para que sejam enviadas eletronicamente aos bancos para iniciar o processo de compensação.

De acordo com a Febraban, o documento está em fase final de preparação e ainda não há prazo estipulado para que as regras sejam atendidas. Os bancos não serão obrigados a atender a orientação, uma vez que funcionará apenas como uma auto-regulamentação do setor bancário.

Mesmo assim, a orientação abre um novo mercado para empresas com foco no setor de finanças como a Diebold. A companhia quer vender o serviço de digitalização de documentos para os bancos, que inclui hardware e software, mediante pagamento de assinatura mensal. A Diebold tem como clientes deste serviço o Safra e o Banco Rural e, segundo o presidente da empresa, João Abud Junior, há projetos em andamento em outros dois grandes bancos que o executivo não pode revelar quais são.

Um comentário:

Unknown disse...

Show, por isso tenho orgulho de ser colaborador da empresa.