30 de mar. de 2011

BB FACILITA APLICAÇÃO EM FUNDO PARA CLIENTE DO SEGMENTO ESTILO

jornal Valor Econômico 30/03/2011 - Luciana Monteiro

O Banco do Brasil (BB) se prepara para ir à luta em busca da liderança no varejo de alta renda. A instituição está implementando uma série de medidas a fim de ter uma visão mais "holística" (completa) dos investimentos de seus clientes do segmento Estilo, além de ampliar as alternativas de aplicação.

Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o BB ocupa a terceira colocação entre os maiores do mercado na área de varejo de alta renda, atrás do Itaú Unibanco e Santander. Esse é um público vem ganhando terreno à medida que o crescimento econômico traz um aumento da renda. No caso do Estilo, o cliente precisa ter renda acima de R$ 6 mil ou investimentos financeiros entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão.

Uma das mudanças está no que Antonio Cássio Segura, gerente-executivo de clientes de alta renda do BB, chama de "visão integral de portfólio". O banco investiu pesadamente em tecnologia de modo que o gerente do segmento Estilo, ao acessar a conta do cliente, consegue ter um panorama geral dos investimentos. Isso significa que, ao decidir fazer uma aplicação, serão considerados não apenas os recursos que serão investidos num determinado fundo, por exemplo, mas o quanto o cliente tem em outras aplicações. Isso possibilitará ao investidor, dependendo de suas aplicações, ter acesso a fundos mais sofisticados aplicando menos do que o tíquete mínimo.

Por exemplo: um investidor tem R$ 28 mil em CDBs e quer entrar num fundo cuja aplicação mínima é de R$ 30 mil. Ele poderá investir nessa carteira apenas R$ 2 mil. Isso permitirá, portanto, que muita gente tenha acesso a aplicações com taxas de administração mais baixas, mesmo investindo menos. O mesmo vale para a remuneração de CDBs. No caso de um cliente que pretende aplicar R$ 50 mil em CDBs, mas tem também R$ 500 mil em um fundo de investimento, ele conseguirá uma taxa melhor, considerando as duas aplicações.

Além disso, o banco e a asset alteraram algumas carteiras que já existiam de modo a ampliar a família de fundos com a marca Estilo. Antes, o segmento contava com 16 aplicações, e não de todas as categorias. Com as mudanças, o novo portfólio será composto por 26 fundos. Os de renda fixa e DI gerais, cujos cotistas eram predominantemente do segmento Estilo, migraram para a área de varejo de alta renda, explica Cássio Segura.

Alguns fundos também foram criados. O maior aumento ocorreu em multimercados. A gestora lançou o Dinâmico, que é uma carteira que busca ganhos nas operações de curto prazo. "É um fundo que encerra as posições no fim do dia, ou seja, dorme em DI", explica o executivo. Outra novidade é o fundo Multiestratégia, que tem um perfil mais arrojado.

Em fase de criação, estão dois fundos balanceados. Um deles terá sua parte de renda variável somente em papéis de menor liquidez ("small caps"). O outro montará as estratégias de bolsa de forma a tentar superar o Ibovespa, conta Cássio Segura. Está previsto também o lançamento de dois fundos de capital protegido e um imobiliário ainda para este semestre.

A intenção é dar identidade aos produtos da marca Estilo, explica Cássio Segura. Com o crescimento da economia, o varejo de alta renda deve continuar mantendo uma expansão forte, diz ele, que espera crescer mais do que a variação do PIB neste ano. Segundo o executivo, o segmento Estilo conta com 113 agências e mais 140 devem ser inauguradas entre 2011 e 2012. Cada gerente tomará conta de, no máximo, 200 clientes.

O fortalecimento da prateleira de fundos vem ao encontro da estratégia da BB DTVM de crescer na área de varejo. O setor de fundos vem perdendo participação entre os investidores menores já há algum tempo. Os dados da Anbima mostram que, em 2005, a fatia do varejo em fundos somava pouco mais de 30%. Hoje, esse percentual é de 17,2%.

O varejo de alta renda está crescendo e é uma forma de aumentar a participação desse público em fundos de investimento, diz Carlos Massaru Takahashi, diretor-presidente da BB DTVM. A outra estratégia da gestora é focar nos jovens. "A geração passada teve o consumo reprimido por muitos anos, mas os jovens têm uma cultura diferente, eles querem investir, querem poupar", avalia. "E eles também têm uma propensão maior ao risco."

Para esses aplicadores, a BB DTVM lançou o Balanceado Jovem, um multimercado que alocará 85% em ativos de renda fixa e 15% em renda variável. A aplicação mínima é de apenas R$ 15,00 e a taxa de administração, de 1,8% ao ano. Não há a cobrança de taxa de performance. "Os jovens ainda não têm muita propensão a poupar, já que estão iniciando a via profissional, mas eles têm a mentalidade de investimento", diz Takahashi.

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