27 de dez. de 2010

CRÉDITO CRESCE 2% EM NOVEMBRO, APONTA BC

jornal DCI 24/12/2010 - Flávia Milhassi e Agência Estado

O saldo positivo das operações de crédito do sistema financeiro anunciado ontem pelo Banco Central (BC) pode ser explicado por fatores como o pagamento de dissídios aos metalúrgicos e aos bancários, que ficaram acima da inflação, e do período eleitoral em que o governo injetou boas quantias na campanha da presidente eleita Dilma Rousseff. As conclusões são do professor do curso de Administração da ESPM, José Eduardo Amato Baliam, que explica: "O resultado é uma série de fatores. Posso citar o dissídio que ficou acima da inflação entre 3% e 4% em setembro para os metalúrgicos e os bancários, a campanha eleitoral que movimentou boas quantias, a economia estável, e o índice de desemprego baixo, que levou a esse incremento no setor de crédito", afirma o professor.

Só no mês de novembro, o BC aponta um crescimento de crescimento de 2% nas operações, dados comparados ao mês de outubro. O aumento resultou no montante de R$ 1,677 trilhão em empréstimos só no mês passado. No acumulado do ano de 2010, o valor apresenta expansão de 20,8%, sendo 5,9% computados nos meses de setembro, outubro e novembro de 2010.

Entre as várias operações registradas pelo BC, o crédito para habitação foi o que registrou maior expansão, de 3,4% no mês, para R$ 133,516 bilhões. Em 12 meses, essa carteira acumula avanço de 53,9%. Outros setores que ajudaram a impulsionar o crédito foram a indústria, o comércio e o setor de serviços que em novembro somaram operações de R$ 359,5 bilhões, R$ 168,7 bilhões e R$ 287,8 bilhões respectivamente.

Com o crescimento do mês passado, o peso das operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) atingiu 46,3% em novembro, ante 45,9% em outubro. Um ano atrás, em novembro de 2009, a proporção era de 44,4% do PIB. Ao divulgar o balanço das operações em 2010, o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, acredita que em 2011, as operações podem resultar em 50% do PIB.

O especialista da ESPM não acredita que esse valor possa ser atingido, devido as últimas medidas que restringem de forma austera a concessão de crédito no País. "É preciso avaliar melhor essa projeção, pois o crescimento do PIB para 2011 será menor e está estimado em 4,5%. O governo já retirou da economia R$ 61 bilhões, elevou os compulsórios, ampliou para 15% o pagamento mínimo das despesas com cartão de crédito e esse índice chegará a 20% no final do próximo ano. Acho que no começo pode até haver um crescimento, mas o mercado sentirá o peso dessas medidas e haverá redução nesses números", enfatiza.

O juro médio das operações de crédito livre caiu para 34,8% ao ano em novembro. Os dados mostram que o juro voltou a ceder após a ligeira alta observada em outubro, quando o juro fechou em 35,4% ao ano. O recuo foi liderado pelas operações para pessoas físicas, cujo juro médio caiu de 40,4% para 39,1% entre os dois meses. Nas operações para empresas, a taxa caiu de 28,7% para 28,6% ao ano.

Boa parte da queda dos juros pode ser explicada pela redução dos spreads bancários.

O spread médio caiu de 24,4 pontos em outubro para 23,6 pontos percentuais em novembro. Novamente, o maior recuo acontece na pessoa física, cujo spread recuou de 29 pontos para 27,3 pontos percentuais. Nas operações para empresas, a margem recuou de 18,1 pontos para 17,9 pontos entre os dois meses.

O crédito para pessoas físicas teve crescimento de 2,1% no mês e 17,6% em 12 meses. Para 2011, as instituições financeiras nacionais continuarão a liderar as contratações de financiamento, mas segundo Altamir Lopes, o ritmo de crescimento da carteira de crédito dos bancos públicos deve cair da taxa de 22% esperada para 2010 para 15% no próximo ano.

Para bancos estrangeiros, a velocidade de expansão dos financiamentos recuou de 13% neste ano para 12% no próximo ano. Altamir explica que a liderança dos públicos deve continuar graças aos volumes expressivos de empréstimos tomados por empresas, nas operações de crédito direcionado - já que o número contempla também o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"Há muitos desembolsos já contratados e que serão liberados em breve. Há, ainda, volumes expressivos de rolagem de empréstimos contratados anteriormente", diz.

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